O dólar avançou ante o real pela quarta sessão consecutiva, chegando a tocar o patamar de R$ 2,35 reais no intradia, e renovou a máxima em quatro anos diante da perspectiva de que novos sinais de melhora nos Estados Unidos possam levar o banco central do país a reduzir seu estímulo monetário. A moeda norte-americana fechou com alta de 0,58%, a R$ 2,3385 na venda, maior patamar no fechamento desde 11 de março de 2009, quando a divisa ficou em R$ 2,351.

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Durante o pregão, no entanto, a moeda norte-americana chegou a bater na máxima de 2,3517 reais, nível que também não era atingido em mais de quatro anos. O volume de negócios continuou pequeno, em torno de 1,2 bilhão de dólares, segundo a BM&F. "O que aconteceu foi que os números sobre a economia norte-americana saíram de manhã e o dólar operou em alta desde então", resumiu o superintendente de câmbio da Intercam Corretora, Jaime Ferreira.

O número de norte-americanos que entrou com pedidos de auxílio desemprego caiu para mínima em quase seis anos na semana passada, indicando aceleração no crescimento no mercado de trabalho no início de agosto.

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Além disso, o Índice de Preço ao Consumidor norte-americano subiu 0,2 por cento e, em 12 meses até julho, avançou 2,0 por cento. O movimento da inflação na direção da meta de 2 por cento do Federal Reserve, banco central norte-americano, pode oferecer algum conforto às autoridades, que têm alertado sobre os potenciais perigos de uma inflação muito baixa.

Os dados reforçaram a tese que a maior economia do mundo está se recuperando, abrindo caminho para que o Fed comece a reduzir seu programa de estímulo já em setembro, que atualmente consiste em compras mensais de 85 bilhões de dólares em títulos hipotecários e públicos.

A perspectiva de redução na liquidez internacional resultante dessa decisão tem motivado amplo fortalecimento do dólar. Desde maio, quando integrantes do banco central dos EUA começaram a sinalizar que a redução do estímulo poderia ocorrer em breve, a moeda norte-americana acumula alta de 16,84 por cento ante o real.

Outra evidência de como o clima de incertezas em relação à política monetária dos EUA influencia o viés de alta da moeda norte-americana é a posição comprada de investidores estrangeiros no mercado futuro de dólar, que cresceu o equivalente a 2,194 bilhões de dólares somente entre segunda e quarta-feira desta semana, segundo dados da BM&F.

Para o diretor de câmbio da Pioneer Corretora, João Medeiros, essa incerteza levou as cotações do dólar avançaram para um patamar estruturalmente mais alto. "Eu acho que dólar a 2,20 reais, não vamos mais ver, pelo menos em breve", ressaltou.

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A divisa dos EUA chegou a abrir este pregão em queda, repercutindo o anúncio na noite de quarta-feira de um leilão de swap cambial tradicional --que têm efeito equivalente a venda de dólar futuro-- pelo BC brasileiro e realizado nesta manhã, mas logo a tendência se dissipou com a divulgação dos dados sobre os EUA. "O BC fez um leilão que não ajudou nada... Talvez só venda de dólar no 'spot' (no mercado à vista) e com leilão de linha ajude", disse o superintendente de câmbio da Advanced Corretora, Reginaldo Siaca.

A autoridade monetária vendeu a oferta total de até 40 mil contratos de swap cambial tradicional com vencimentos em 2 de dezembro de 2013 e 1º de abril de 2014, com volume financeiro equivalente a 1,983 bilhão de dólares.

O anúncio do leilão ocorreu na noite passada e, portanto, num cenário que não trazia os novos dados econômicos dos Estados Unidos. Segundo analistas, o BC tem optado por fazer leilão de swap para poupar as reservas cambiais do país.

Boa parte do mercado acredita que as intervenções do BC têm como objetivo derrubar as cotações do dólar, uma vez que o fortalecimento da divisa norte-americana tende a impulsionar a inflação. Para Medeiros, da Pioneer, no entanto, o viés de valorização da moeda dos EUA não deve ser afetado pelas atuações do BC. "É muito difícil você brigar contra o mercado. Brigar com o mercado é brigar contra os parâmetros econômicos", emendou.

O dólar registrou valorização em diversas outras praças internacionais também neste pregão. Diante do peso mexicano, por exemplo, a moeda norte-americana subia 0,83 por cento no final desta tarde.

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