O dólar fechou em alta em relação ao real nesta quinta-feira (25), reagindo à notícia de que foi impetrado um habeas corpus preventivo na Justiça do Paraná pedindo que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não seja preso na Operação Lava Jato, da Polícia Federal.
A moeda norte-americana subiu 0,86%, a R$ 3,1281 na venda, mas chegou a avançar mais de 1%, a R$ 3,1339, na máxima da sessão. Segundo dados do BM&F, o volume financeiro ficou em torno de US$ 850 milhão.
O Instituto Lula, por meio da sua assessoria de imprensa, negou que tenha impetrado o habeas corpus, bem como o ex-presidente Lula. Mais tarde, a Justiça informou via comunicado que “não existe investigação em curso relativamente a condutas do excelentíssimo ex-Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva”.
Os investidores reagiram em função da preocupação de que a credibilidade do governo seja ainda mais arranhada pela investigação da corrupção em torno da Petrobras, afastando investimentos externos.
“O mercado assustou e, na dúvida, comprou dólar”, disse o gerente de câmbio da corretora BGC Liquidez, Francisco Carvalho.
Segundo operadores, a intensidade do movimento também teve motivos técnicos. Muitos operadores haviam vendido dólares no início do dia e foram pegos no contrapé pela escalada súbita do dólar após a compra da divisa, que ativou operações automáticas de compra de divisas para limitar as perdas que esses agentes sofreriam.
Pela manhã, o dólar recuou em relação ao real diante de expectativas de que a perspectiva de alta de juros no Brasil atraia recursos externos para o mercado local. “O mercado estava em um movimento de baixa (quando a notícia foi publicada). Por isso, a reação foi tão forte”, disse o operador de uma gestora de recursos nacional.
Juros
A surpresa com a escalada recente da inflação e a comunicação austera do Banco Central têm levado investidores a apostar que a Selic, atualmente em 13,75% ao ano, pode subir até 14,75%. Ainda assim, dados do BC mostravam saídas líquidas de capital, com fluxo negativo de US$ 2,929 bilhões em junho até o dia 19.
“O fluxo positivo ainda não apareceu, mas o fato é que o Brasil já paga juros muito atraentes para estrangeiros e isso tende a melhorar se a Selic continuar subindo”, disse o operador de câmbio da corretora Intercam Glauber Romano.
Os investidores acompanharão com atenção a decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) após o fechamento dos negócios, em meio a expectativas sobre eventuais mudanças na meta de inflação para 2017.
Os problemas envolvendo a dívida da Grécia também ocuparam o centro das atenções e provocavam volatilidade nos mercados externos.
Swaps
Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total no leilão de rolagem de swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares. Com isso, repôs o equivalente a US$ 5,459 bilhões ao todo, ou por volta de 62% do lote total, que corresponde a US$ 8,742 bilhões.