O dólar subiu 1% ante o real nesta sexta-feira (28), mas permaneceu abaixo do patamar de R$ 3,60, refletindo o quadro local conturbado após dados fracos sobre a atividade e em meio a novos sinais de turbulências políticas no país.
A moeda norte-americana avançou 0,91%, a R$ 3,5853 na venda, após recuar nas duas últimas sessões. Na semana, o dólar subiu 2,55%.
“Tivemos dados ruins tanto do lado fiscal como da atividade”, disse o economista da Tendências Consultoria Silvio Campos Neto.
Pela manhã, foi divulgado que a economia brasileira encolheu 1,9% no segundo trimestre deste ano sobre os três meses anteriores e teve contração de 2,6% contra um ano antes. Foram os piores resultados desde o primeiro trimestre de 2009 nas duas bases comparativas.
Em seguida, o Banco Central divulgou que o setor público brasileiro teve déficit primário de R$ 10,019 bilhões em julho, acumulando em 12 meses rombo equivalente a 0,89% do Produto Interno Bruto (PIB), o pior da série histórica.
CPMF
Além disso, a perspectiva da eventual volta da CPMF – proposta que vem sendo estudada pelo governo para ajudar o reequilíbrio das contas públicas – provocou críticas intensas entre parlamentares e empresários. As notícias reforçaram preocupações com a estabilidade política do governo.
“A situação está feia, não importa para qual lado você olhar. E, cada dia que passa, parece que a trajetória do governo fica mais difícil”, disse o operador de uma gestora de recursos nacional.
Juros
Nesta sexta-feira, alguns membros do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, reforçaram as expectativas de que os juros da maior economia do mundo podem ser elevados ainda neste ano, o que atrairia recursos hoje aplicados em outros países, como o Brasil. Isso ajudou o dólar a subir nesta sessão.
“Algumas declarações de membros do Fed sobre a alta ainda este ano renovaram um pouco o fôlego do dólar no mundo”, disse Campos Neto, da Tendências.
A disputa pela formação da Ptax de agosto, taxa calculada pelo BC que serve de referência para diversos contratos cambiais, adicionava volatilidade aos negócios e chegou a fazer a moeda dos Estados Unidos recuar 0,30%, a R$ 3,5420, durante a sessão.
O BC rolou quase completamente os swaps cambiais, equivalentes a venda futura de dólares, que vencem na semana que vem. O próximo lote vence em 1º de outubro de 2015 e equivale a US$ 9,458 bilhões.