O dólar fechou em alta ante o real nesta quarta-feira (10), com temores sobre a desaceleração da economia global e resultados corporativos, ficando acima de R$ 2,04 pela primeira vez em pouco mais de um mês. A moeda norte-americana subiu 0,26%, cotada a R$ 2,0413 reais na venda. Trata-se da maior cotação desde o dia 4 de setembro, quando fechou a 2,0430 reais na venda.
A expectativa de operadores é que a moeda possa continuar a avançar moderadamente caso o humor externo continue negativo, mas ainda sem mostrar grandes oscilações. Além da menor liquidez, a volatilidade tem ficado restrita depois das recentes intervenções do Banco Central no mercado de câmbio.
"Se lá fora o cenário continuar negativo nos próximos dias, o dólar pode até querer subir um pouco mais, mas sem oscilar muito", disse o operador da corretora Interbolsa Ovídio Soares.
Desde a última atuação do BC por meio de um leilão de swap cambial reverso --operação que equivale a compra de dólares no mercado futuro--, na sexta-feira passada, o dólar subiu 1,10 por cento frente ao real.
O mercado não vê grandes espaços para a moeda norte-americana oscilar --seja para cima ou para baixo-- justamente pela forte vigilância imposta pelo BC. A autoridade monetária já deixou claro que não quer o dólar abaixo de 2 reais nem acima de 2,10 reais.
A última vez que os investidores tentaram puxar a divisa para acima desse patamar, o BC entrou no mercado por meio de leilão de swap cambial tradicional --que equivale a uma venda de dólares no mercado futuro-- no final de junho.
Diante dessa pressão, nas últimas semanas o mercado tem mantido a moeda norte-americana em uma faixa ainda mais estreita, entre 2 e 2,05 reais.
Para o gerente de câmbio da Fair Corretora, Mário Battistel, mesmo com a maior pressão de alta de agora, o BC apenas voltaria a atuar na ponta vendedora de dólares com a moeda entre 2,09 e 2,10 reais. Ou seja, ainda haveria algum espaço para mais valorizações do dólar frente ao real.
No cenário externo, investidores continuavam preocupados com os efeitos da crise da dívida da zona do euro, com os temores com a economia global aumentando esta semana depois que o Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou para baixo as estimativas de crescimento global.
No exterior, o dólar também avançou e frente a uma cesta de divisas e registrava ganhos de 0,11 por cento pouco depois das 18h (horário de Brasília)
Nesta quarta-feira, o FMI também repreendeu a União Europeia, dizendo que a agenda de ações de combate à crise continua "gravemente incompleta".
Ainda ampliava o receio sobre resultados corporativos ruins, depois que a temporada de balanços nos Estados Unidos começou na terça-feira, com algumas companhias já mostrando prejuízos.