O dólar encerrou no maior patamar frente ao real desde o fim de dezembro nesta terça-feira (28), após dados positivos dos Estados Unidos sugerirem que o banco central norte-americano poderá diminuir seu programa de estímulo monetário nos próximos meses, reduzindo a liquidez internacional. Analistas destacavam, no entanto, que os investidores seguiam cautelosos antes da decisão do Banco Central brasileiro sobre a taxa básica de juros do país, devido a dúvidas quanto à intensidade do aperto monetário que deve vir na quarta-feira.
O dólar encerrou com alta de 0,87%, cotado a R$ 2,0741 na venda. É o maior nível no fechamento desde 24 de dezembro, quando a divisa norte-americana ficou em R$ 2,0794. No mês, acumula alta de 3,63 por cento. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 3 bilhões de dólares.
"O dólar está mais forte no mundo devido à expectativa de diminuição do programa de estímulo do Fed (banco central norte-americano)", afirmou o operador de um banco nacional, sob condição de anonimato.
"O dólar está se ajustando ao que está acontecendo lá fora. O real não acompanhou exatamente a piora lá fora porque teve fluxo, então nós podemos dizer que nossa moeda está um pouco atrasada em relação a outras", afirmou ele, referindo-se à entrada de recursos externos nos últimos dias.
Essa expectativa de menor liquidez mundial ganhou força nesta terça-feira após a confiança do consumidor dos Estados Unidos se fortalecer em maio para o maior nível em mais de cinco anos, saltando para 76,2, ante 69 em abril, e superando as expectativas de economistas, que previam leitura de 71.
"É um fortalecimento do dólar mundial, porque a economia norte-americana está se pondo de pé", disse o diretor-executivo da NGO Corretora, Sidnei Nehme. "É um sinal muito consistente a confiança do consumidor ser a maior em cinco anos. O consumidor é o grande fator de crescimento dos Estados Unidos".
Em relação a uma cesta de moedas, o dólar subia cerca de 0,55 por cento, enquanto o euro recuava 0,45 por cento frente à divisa dos Estados Unidos.
Analistas ponderavam, no entanto, que a cautela antes do Copom segurava alta mais expressiva do dólar no mercado doméstico.
"Se vier uma alta grande na taxa de juros, isso vai implicar na queda do dólar, porque abre a perspectiva de maior entrada de capital externo", afirmou o superintendente de câmbio da Intercam Corretora, Jaime Ferreira.
A curva de juros embute majoritariamente alta de 0,50 ponto percentual na Selic, atualmente em 7,50 por cento. Já o relatório Focus mostrou que economistas de instituições financeiras esperam elevação de 0,25 ponto percentual, enquanto uma pequena maioria dos economistas consultados pela Reuters espera alta de 0,50 ponto.
Embora muitos analistas acreditem que o BC poderá intervir no mercado para segurar a valorização do dólar e, assim, evitar pressões inflacionárias, a expectativa é de que a autoridade monetária primeiro defina os juros básicos antes de interferir na taxa de câmbio.
"Acho que o BC vai resolver o juros e depois, se for o caso, poderá sim atuar no câmbio", disse um operador de uma corretora internacional.
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