A aversão a risco generalizada no cenário externo levou o dólar a fechar em alta ante o real nesta sexta-feira, com os agentes ainda acompanhando também possíveis atuações adicionais do Banco Central no mercado de câmbio.
A moeda norte-americana subiu 0,57 por cento, a 1,762 real na venda, oscilando entre queda de 0,29 por cento e avanço de 0,86 por cento ao longo da jornada.
"A deterioração dos mercados externos está valorizando o dólar hoje", disse Marcos Forgione, operador de câmbio da B&T Corretora de Câmbio.
Forgione acrescentou que a alta da cotação também se deu em razão de ajustes, após o dólar ter operado nos últimos dias nos menores níveis desde janeiro.
As operações locais refletiram a valorização da moeda norte-americana no exterior, onde o dólar subia 0,38 por cento ante outras divisas, em meio ao aumento geral da aversão a risco.
Ações e commodities, ativos considerados mais arriscados, se depreciavam após preocupações com o setor financeiro global, depois que a Securities and Exchange Commission (SEC, órgão regulador do mercado de capitais dos EUA), acusou o banco Goldman Sachs de fraude em operações ligadas a hipotecas de alto risco.
Por aqui, os agentes seguiram repercutindo a atuação do Banco Central da véspera, quando realizou dois leilões de compra de dólares no mercado à vista, algo não visto havia quase três anos.
O fato aumentou o debate sobre a postura da autoridade monetária ante o mercado de câmbio, bem como eventuais compras diretas de moeda estrangeira por parte do Tesouro Nacional para o Fundo Soberano.
"Ontem, por exemplo, o objetivo do BC foi claramente controlar a taxa", avaliou o gerente de câmbio de uma corretora paulista, que pediu anonimato.
Contudo, o profissional acredita no alcance limitado de possíveis medidas para conter a depreciação do dólar, apostando que as perspectivas de fluxo no curto prazo devem garantir a taxa em queda.
"Temos que lembrar também que o BC deve subir o juro em breve, o que atrai mais dinheiro para o mercado local, colaborando para a queda do dólar", acrescentou.
Entre as operações que podem trazer bilhões de dólares nos próximas semanas está a oferta de ações do Banco do Brasil, além emissões de dívida, como a realizada nesta semana pelo Bradesco.
Segundo dados parciais da clearing (câmara de compensação) da BM&FBovespa pouco antes do fechamento, o volume no mercado local de câmbio girava em torno de 5,5 bilhões de dólares, em operações com liquidação em um e dois dias (D+1, D+2).