O dólar à vista, referência para as negociações no mercado financeiro, fechou esta segunda-feira em alta de 0,48% em relação ao real, cotado a R$ 2,016 na venda. Segundo especialistas, o movimento reflete a divulgação de indicadores econômicos negativos nos Estados Unidos e na Europa, o que aumenta a procura por investimentos considerados mais seguros, como o dólar.
Além disso, a desconfiança dos investidores estrangeiros em relação às medidas do governo brasileiro também colabora para a escassez de dólar no mercado. Com a menor oferta da moeda americana, a tendência é que sua cotação suba. O dólar comercial, utilizado no comércio exterior, fechou o dia com valorização de 0,34%, cotado a R$ 2,020 na venda.
As vendas de moradias usadas nos Estados Unidos tiveram leve recuo em março, representando uma pausa na recuperação do mercado imobiliário que vinha contribuindo para estimular a economia do país.
A Associação Nacional de Corretores Imobiliários (NAR, na sigla em inglês) informou hoje que as vendas de moradias usadas caíram 0,6% no mês passado, para uma taxa anualizada com ajuste sazonal de 4,92 milhões de unidades. Economistas consultados pela "Reuters" previam um aumento para 5,01 milhões de unidades.
O resultado voltou a alimentar o sentimento de aversão ao risco entre os investidores, que acabam comprando mais dólares, uma vez que a moeda é considerada uma aplicação mais segura. A maior procura faz a cotação do dólar subir.
As referências da Europa também contribuem para este cenário. Por lá, França e a Espanha não atingiram suas metas de déficit orçamentário no ano passado, segundo dados da União Europeia (UE) divulgados nesta segunda-feira.
DesconfiançaDe acordo com Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora, a alta do dólar também reflete a maior saída dos investidores estrangeiros do país, preocupados com a eficácia das medidas adotadas pelo governo.
"Parte dos recursos externos que deveriam vir para o Brasil está correndo para países como o México, que fez a lição de casa e sua economia está crescendo. Acho que muito disso reflete o medo do investidor estrangeiro com a série de interferências que o governo brasileiro está fazendo na economia", disse Galhardo.Aumento no juro básico, corte de impostos e intervenções no câmbio, são alguns dos fatores que, segundo Galhardo, têm assustado os investidores.
"O problema não está na medida em si, mas, sim, no ritmo em que eles estão sendo tomadas. O governo tem atuado constantemente em diversos segmentos da economia, o que deixa o mercado com a sensação de que há um certo descontrole", completou.
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