A incerteza sobre uma eventual tributação ao capital estrangeiro manteve o mercado de câmbio de sobreaviso nesta segunda-feira, impedindo que o dólar seguisse a tendência global e fechasse em baixa.

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A moeda norte-americana terminou o dia a 1,712 real, com alta de 0,29 por cento. No exterior, às 16h17, o dólar caía 0,38 por cento em relação a uma cesta com as principais moedas, devido à perspectiva de que os juros continuarão baixos por um longo período nos Estados Unidos.

"O mercado trabalha olhando para baixo (queda do dólar). Mas a qualquer momento pode sair essa taxação. Então o pessoal está com o pé no freio", disse Rodrigo Nassar, gerente da mesa financeira da Hencorp Commcor Corretora.

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No sábado, o jornal Folha de S.Paulo publicou, sem citar fontes, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou a edição de uma medida provisória para a taxação do capital estrangeiro. A tributação seria anunciada no início desta semana, com cobrança variável em função do tempo em que o dinheiro permanece no país.

Na sexta-feira, porém, Lula havia negado que houvesse qualquer previsão quanto à adoção do imposto.

Em meio ao ruído, os investidores estrangeiros já aumentaram a proteção no mercado futuro de dólar e de cupom cambial contra uma eventual alta da moeda norte-americana. Entre 14 e 16 de outubro, eles elevaram suas posições compradas de 1,37 para 3,09 bilhões de dólares. O movimento foi contrabalançado por um aumento da posição vendida dos bancos.

"Num primeiro momento, acho que (a taxação) vai inibir um pouco. Mas no médio prazo o fluxo é positivo", avaliou Nassar.

Fluxo deve continuar

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Embora possa ter um impacto pontual no curto prazo, a cobrança é vista como ineficaz pela maior parte do mercado como forma de impedir uma maior valorização do real.

Em março de 2008, o governo começou a cobrar IOF dos investimentos estrangeiros em renda fixa, com alíquota de 1,5 por cento. Mesmo assim, o dólar manteve a tendência de baixa e chegou a valer 1,56 real. A alíquota foi zerada em outubro, no auge da crise financeira global.

"O impacto na tendência do câmbio foi nulo no médio prazo", escreveram analistas do BNP Paribas em relatório. "Isso vai fazer barulho, mas não vai mudar a tendência das moedas emergentes em relação ao dólar".

Entre os motivos pelos quais a taxação é criticada, analistas apontam que o fluxo de dólares para o país tem apresentado um perfil cada vez menos especulativo após o grau de investimento.

Nas últimas semanas, a maior parte dos recursos veio para aplicações na Bovespa e emissões de dívida. Nesta segunda-feira, foi a vez da Petrobras aparecer com uma emissão de bônus globais. A operação foi relatada por fontes de mercado, que acrescentaram que a emissão ainda não foi concluída.

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Para Sidnei Nehme, diretor-executivo da NGO Corretora, "o benefício mais direto do imposto é na redução da volatilidade, e não na formação do preço". O banco de investimentos Goldman Sachs, por exemplo, prevê "que o dólar chegará a 1,60 real nos próximos seis meses".