A volta do mau humor no mercado internacional levou o dólar a R$ 1,867 nesta quinta-feira (28), na oitava sessão seguida de avanço. Trata-se da maior sequência de altas desde o início de setembro de 2008, quando a crise global se agravou.
O avanço da moeda norte-americana nesta sessão foi de 0,43%. No mês, com 16 altas em 19 dias, a valorização acumulada sobre o real é de 7,06%.
O dólar chegou a cair no começo do dia, repercutindo o alívio do mercado com o discurso do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, na noite anterior. Os investidores temiam uma abordagem mais agressiva sobre a plano de reformular o setor financeiro.
Na mínima, o dólar chegou a cair abaixo de R$ 1,85.
"Diante dos fatos de hoje, eu até achava que o dólar daria uma trégua. O discurso do Obama foi bom", disse o operador de câmbio de uma corretora nacional, que preferiu não ser identificado.
O movimento foi abortado, no entanto, pelas preocupações com a situação fiscal de países da zona do euro, como Grécia e Portugal. Com a crise de confiança, a moeda europeia caiu abaixo de US$ 1,40 pela primeira vez desde julho.
Além disso, a divulgação de um aumento menor que o esperado nas encomendas à indústria dos Estados Unidos minou o apetite por risco. Em Nova York, as bolsas de valores caíam mais de 1% no fim da tarde, ajudando a limitar a alta do principal índice da bolsa brasileira.
Pressionado no exterior, o dólar também já encontrava motivos para se sustentar no Brasil. Desde o começo do ano, profissionais de mercado comentam que o aumento do déficit em transações correntes e a incerteza sobre a atuação do Fundo Soberano na compra de dólares contribuíam para enfraquecer o real.
Nesta quinta-feira, o Conselho Monetário Nacional (CMN) anunciou a obrigatoriedade de registro de operações de hedge com instituições financeiras do exterior ou em bolsas estrangeiras a partir de 15 de março.
Essa medida, porém, não deve ter impacto imediato sobre a taxa de câmbio, avaliaram profissionais de mercado.
"A ideia é aumentar a transparência dessas operações e, portanto, fazer com que você tenha um maior controle do risco sistêmico", comentou Roberto Padovani, estrategista-chefe do Banco WestLB do Brasil.