A queda das bolsas no Brasil e nos Estados Unidos motivou a alta de quase 1% do dólar, que voltou ao patamar de R$ 1,97. Desde segunda-feira (21), quando o dólar chegou a R$ 1,94 pela primeira vez desde janeiro de 2001, a moeda americana já acumula alta de 1,55%.
Os principais mercados acionários do mundo operaram em queda nesta quinta-feira e faziam a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) cair mais de 2% durante a tarde. "É um movimento que vem lá de fora, o mercado está propício (ao embolso de lucros) desde o exterior", disse Silvio Campos Neto, economista-chefe do Banco Schahin. "Aqui não está escapando. É uma correção (do mercado, depois de um período longo de altas)."
Juro
A alta do dólar também já antecipa um corte de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, mas já começam a surgir apostas que a redução da taxa Selic ainda maior, talvez de 0,75 ponto ou 1 ponto percentual.
Para Miriam Tavares, diretora de câmbio da AGK Corretora, com a piora do cenário externo a tendência é que as apostas em um corte muito acentuado no juro fiquem menores: "Na quarta-feira (23), quando ainda havia um surto maior de otimismo interno, realmente já tinha gente falando até em corte de 1 ponto percentual."
Fluxo cambial
A diretora afirmou ainda que, desde terça-feira (22), o fluxo cambial parece ter se enfraquecido, o que pode ter contribuído para diminuir a tendência de queda do dólar. Em abril, o fluxo positivo superou os US$ 10 bilhões e foi o maior desde 1982. Os dados parciais de maio, porém, ainda não foram divulgados devido à greve dos funcionários do BC.
A autoridade monetária manteve a rotina de atuação das últimas sessões e fez apenas um leilão de compra de dólares perto do fechamento. A atual correção no mercado após as fortes quedas abre espaço, segundo Miriam, para a atuação mais amena do BC. "Se (a queda) voltar a ficar bastante acentuada, em direção a R$ 1,90, acredito que o BC vai em alguns momentos atuar mais forte para fazer que não haja um movimento brusco", ressaltou a analista.
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