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Dólar supera barreira dos R$ 2 pela primeira vez em três meses

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(Foto: Reprodução www.youtube.com)

A crise no mercado imobiliário norte-americano voltou a derrubar bolsas de valores em todo o mundo e prolongou a queda da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Em dia de recorde histórico de negócios, com movimento superior a R$ 18 bilhões, a Bolsa paulista fechou o pregão de ontem em forte baixa de 3,19%, aos 49.285 pontos. Foi o primeiro fechamento abaixo da marca de 50 mil pontos desde o início de maio. Em sentido oposto, o dólar superou a marca de R$ 2, o que não ocorria há três meses, e chegou ao fim do dia cotado a R$ 2,031, com alta de 2,27%. O câmbio já subiu quase 8% desde o início de agosto, mas no ano, ainda acumula desvalorização de 5%.

Se por um lado dá certo ânimo aos exportadores brasileiros, que há meses reclamam da baixa cotação, a alta da moeda norte-americana pode ter um efeito colateral que prejudicaria o setor produtivo. Analistas acreditam que, com o dólar em alta, fica mais difícil para o Banco Central controlar a inflação. O resultado é que a taxa básica de juros – a Selic, que serve de referência para os empréstimos – tende a cair em velocidade mais baixa nos próximos meses.

A Selic está em 11,5% ao ano e, se o dólar permanecer no atual patamar, a taxa dificilmente cairá mais que 0,25 ponto porcentual na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, em setembro. Na reunião passada, em julho, o corte foi de 0,5 ponto.

Para o estrategista de renda variável da paulistana Infinity Asset, George Sanders, a boa situação da economia brasileira não justifica a queda da Bovespa e, muito menos, a alta da moeda norte-americana. Segundo ele, o recente avanço do dólar é conseqüência do mau momento das bolsas estrangeiras e, assim que a turbulência passar, é provável que a moeda volte a oscilar entre R$ 1,85 e R$ 1,90.

"Com esse problema no exterior, os fundos de investimento estrangeiros estão precisando de dinheiro para cobrir os saques de seus clientes. Então recorrem a mercados com grande liquidez [facilidade de compra e venda], como o Brasil", explica Sanders. Por aqui, os fundos vendem as ações que têm em mãos e acabam derrubando a Bovespa. Com o dinheiro da venda, compram dólares para enviá-los a suas sedes no exterior. Com mais demanda por dólares, a cotação da moeda naturalmente sobe.

A justificativa para o "desespero" dos fundos estrangeiros é a crise do segmento "subprime" do setor imobiliário dos Estados Unidos (EUA). Os empréstimos desse segmento, concedidos a consumidores com histórico de calote, são de alto risco. Como a inadimplência atingiu níveis alarmantes, os fundos que tinham investimentos atrelados ao subprime perderam rentabilidade, motivando os saques.

Ao contrário das crises da década de 90, que surgiram em países emergentes, a atual turbulência começou nos EUA e, por enquanto, está restrita ao mercado financeiro. Mas há temores de que possa afetar a "economia real" e prejudicar o ritmo de crescimento mundial.

Analistas são cautelosos em arriscar até onde vão a Bovespa e o dólar: os palpites, cheios de ressalvas, são de que o câmbio pode chegar a R$ 2,20 e a Bolsa, cair a até 47 mil pontos. Para Gustavo Andrade, agente de investimentos da curitibana Investflow, a volatilidade dos mercados deve durar pelo menos mais duas semanas. "Em setembro, o Fed [banco central dos EUA] anuncia os juros americanos [hoje em 5,25% ao ano]. Se ele cortar, pode dar um alívio ao mercado."

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