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O dólar cravou a terceira alta seguida ante o real nesta sexta-feira, com o mercado ainda na expectativa pelo anúncio de medidas no câmbio por parte do governo.

A moeda norte-americana subiu 0,3 por cento, a 1,666 real na venda, elevando a 1,28 por cento a valorização acumulada nas últimas três sessões.

"O mercado está cauteloso", resumiu João Medeiros, diretor de câmbio da Pioneer Corretora. "Tem gente falando em aumento de IOF, quarentena... e na dúvida o pessoal compra dólar", acrescentou.

Investidores seguiram na defensiva face à expectativa pelo anúncio por parte do governo de novas ações para conter a recente escalada do real contra o dólar.

Essa perspectiva foi levantada na última sexta-feira, quando uma fonte do Ministério da Fazenda disse à Reuters após o fechamento do mercado, que as autoridades estavam planejando anunciar tais medidas após o Carnaval.

Mas, segundo disse à Reuters uma fonte do governo, o Ministério da Fazenda descartou tomar qualquer medida nesta sexta-feira.

As medidas em estudo pelo governo visam conter a influência do fluxo de capitais ao país. Até o dia 4 de março a entrada líquida era de 24,356 bilhões de dólares no ano, mais que todo o fluxo acumulado em 2010, segundo dados do Banco Central.

A maior parte dos ingressos está concentrada em captações de empresas brasileiras no exterior, incluindo bancos e até mesmo exportadores, e não em investimentos estrangeiros em renda fixa ou na bolsa.

"Após o IOF ter inibido o ingresso dos investimentos para renda fixa e com isto ter aliviado a necessidade de compra de volumes maiores por parte do BC... não há muito a fazer que sugira resultados que apreciem o dólar", afirmou Sidnei Nehme, diretor-executivo da NGO Corretora.

Para Victor Asdourian, operador de câmbio da Hencorp Commcor Corretora, o governo está trabalhando em cima das expectativas do mercado.

"Isso (a falta de um anúncio) é tática. Quando ele vê que há expectativa no mercado, ele acaba trabalhando em cima disso e mexendo com o psicológico do investidor. Sempre fica a dúvida de quando e se o anúncio vai acontecer", afirmou.

Apesar do impacto de alta decorrente de eventuais ações sobre a taxa de câmbio, Tony Volpon, chefe de pesquisa para mercados emergentes nas Américas do Nomura, mostra-se cético com relação à intensidade dessa influência.

"A razão é simples: o principal tipo de ingresso visto no mercado é o direcionado a investimentos. Isso é um 'bom' tipo de fluxo de que o Brasil precisa para crescer, e duvidamos muito que o governo fará qualquer coisa para contê-lo", escreveu em relatório.

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