O dólar fechou estável no último pregão do ano, mas acumulou em 2013 o maior avanço ante o real desde 2008, com perspectivas de continuar em alta diante de um cenário de incertezas domésticas e globais.

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A divisa dos Estados Unidos fechou estável nesta terça-feira, a 2,3575 reais na venda. No ano, a alta ficou em 15,11 por cento, maior avanço desde 2008, quando subiu 31 por cento em meio à crise financeira global. Em dezembro, a divisa avançou 0,86 por cento.

A sessão desta terça-feira quase não viu negócios, uma vez que só foram permitidas operações que não alteram quantitativamente posições cambiais.

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A perspectiva de que o estímulo monetário norte-americano continuará sendo reduzido e os temores com a situação fiscal brasileira agravada pelas eleições devem preocupar os investidores em 2014, segundo analistas.

"Este foi um ano muito volátil e de apreciação do dólar, e o ano que vem tem tudo para ter ainda mais sobe e desce", afirmou o operador de câmbio da Intercam Glauber Romano.

O Federal Reserve, banco central norte-americano, dará início em janeiro à redução de seu estímulo monetário, reduzindo as compras mensais de títulos em 10 bilhões de dólares, para 75 bilhões de dólares.

Embora a reação inicial do mercado ao anúncio do Fed tenha sido contida, analistas afirmam que a incerteza acerca do ritmo da retirada do programa deve continuar gerando turbulências no câmbio.

"O mercado tende sempre a antecipar as coisas, mas é claro que, para bem ou para mal, cada um aposta para um lado. Sempre que houver alguma sinalização do Fed sobre a retirada de estímulos, tem algum tipo de realização", afirmou a economista do Itaú BBA Gabriela Fernandez.

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Além disso, as contas públicas brasileiras têm enfrentado dificuldades ao longo de todo o ano, piorando a imagem do país aos olhos dos investidores internacionais. O temor do mercado é que a deterioração das finanças domésticas motive rebaixamento da classificação de risco brasileira, reduzindo fortemente o fluxo de recursos.

Em novembro, o setor público brasileiro registrou superávit primário recorde para o mês, mas contou com o reforço de receitas extraordinárias. No mercado, a percepção é que o governo ainda não será capaz de cumprir a meta ajustada de pouco mais de 110 bilhões de reais para 2013, equivalente a 2,3 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).

"E no ano que vem, o fiscal deve ser pior do que o desse ano, já que é ano eleitoral", afirmou o sócio-gestor da Leme Investimentos, Paulo Petrassi.

No entanto, analistas ressaltaram que a constante atuação do Banco Central no câmbio tende a atenuar parte dessas pressões.

O BC vem atuando diariamente no câmbio por meio de swaps cambiais tradicionais -equivalentes a venda futura de dólares - e leilões de linha. No próximo ano, a autoridade monetária já anunciou que reduzirá a força das intervenções, mas deixou a porta aberta para mais operações, se necessário.

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"Um nível menor de intervenção permitirá que o real se deprecie de maneira controlada, esperamos, processo que consideramos essencial para o ajuste da economia brasileira", afirmou o chefe de pesquisas para mercados emergentes nas Américas do Nomura, Tony Volpon.

O BC voltará aos mercados na quinta-feira com oferta de 4 mil contratos de swap cambial tradicional, já nos novos moldes do programa de rações diárias.