O dólar à vista atingiu nesta terça-feira (6) sua terceira queda consecutiva, garantida por fatores vindos do exterior e pela melhora na percepção dos investidores com o cenário político doméstico. A moeda norte-americana fechou em baixa de 1,49%, cotada a R$ 3,844, menor cotação desde 16 de setembro. Em três dias de queda, a desvalorização frente ao real é de 3,66%.
Segundo profissionais do mercado de câmbio, o recuo das cotações foi resultado de um movimento de redução de posições compradas dos investidores do mercado futuro, com reflexo direto sobre o dólar à vista. Para isso contribuiu a sinalização de melhora na governabilidade da presidente Dilma Rousseff iniciada com o anúncio da reforma ministerial, na última sexta-feira, e reforçada nesta terça por declarações de executivos da agência de classificação de risco Moody’s.
Durante conferência anual da agência, a diretora-gerente da Moody’s Latin America, Susan Knappe, disse que forças subjacentes são suficientes para o Brasil manter o grau de investimento. Já o vice-presidente da agência, Mauro Leos, afirmou que o cenário mais provável é que a avaliação do rating do país ocorra em meados de 2016. Leos disse ainda considerar que a aprovação da CPMF é mais provável hoje do que era no passado recente.
Juros nos EUA
Na mínima do dia, o dólar à vista chegou a ser negociado por R$ 3,827 (-1,92%). Para isso, contribuiu também a influência do cenário internacional, com a expectativa de que o Federal Reserve demore mais a elevar os juros dos Estados Unidos. Essa percepção favoreceu a valorização das commodities no mercado internacional e das moedas de países emergentes, entre elas o real.
Segundo profissionais do mercado, a queda da moeda americana não foi mais pronunciada devido à manutenção da cautela com o cenário político. Em mais uma tentativa de ver mantidos os vetos presidenciais que barram novos gastos, o governo viu novamente adiada a sessão do Congresso para apreciação dessas questões.
A sessão de apreciação, suspensa por falta de quórum após manobra da oposição, deve ser retomada nesta quarta-feira (7). O mercado de câmbio não chegou a exibir reação significativa ao adiamento da sessão, uma vez que a expectativa ainda é de vitória do governo.