Diminuiu o estresse no mercado financeiro no final da manhã, mas o dólar ainda continua em alta. A moeda americana, que abriu em alta de 1,40%, terminou a primeira etapa com valorização de 0,45%, a R$ 2,215 na compra e R$ 2,217 na venda. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) acompanhou Wall Street e fechou a manhã em elevação de 0,98%, para 37.042 pontos (volume financeiro de R$ 785 milhões).
O economista-chefe do Banco Pátria, Luiz Fernando Lopes, disse que os fundamentos sólidos da economia afastam qualquer possibilidade de colapso. No entanto, para ele, a situação não está tão tranqüila e o mercado deve permanecer volátil, pelo menos até outubro, no período de eleições. O dólar, que semanas atrás atingiu a cotação mais baixa dos últimos 5 anos, subiu nos últimos dois dias, com a troca de comando no ministério da Fazenda.
Lopes lembrou que o cenário externo também não é dos melhores, com o mau humor do investidor estrangeiro depois que o presidente do Federal Reserve (Fed), Ben Bernanke, deu indicações de continuidade do aperto monetário nos Estados Unidos. Ontem, o Comitê de Mercado Aberto do Fed subiu os juros em 0,25 ponto percentual, para 4,75% ao ano.
- O mercado reage ao cenário político e ao sinais externos. O humor do investidor estrangeiro, que é o grande comprador de nossos papéis, não está lá essas coisas, o que afeta os negócios por aqui. O cenário político, por sua vez, é muito ruim. Estamos passando por uma das piores crises, com escândalo atrás de escândalo. Esse risco institucional não deixa o mercado financeiro trabalhar - disse Lopes.
Para ele, o mercado financeiro está muito desconfortável com a crise política. Hoje, os investidores acompanham a apresentação do relatório final da CPI dos Correios. O relator do processo deverá dizer que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi informado pelo ex-deputado Roberto Jefferson do mensalão e pediu providências ao então presidente da Câmara João Paulo Cunha e ao líder do governo Aldo Rebelo.
- Os fundamentos não permitem um colapso na economia, mas poderá haver vários episódios de estresse. A parte institucional virou uma perturbação para o mercado. Ninguém sabe qual poderá ser o próximo escândalo - afirmou Lopes.
Na Bolsa de Valores de São Paulo, as ações da Light ganham destaque nesta quarta-feira. Ontem, a francesa EDF vendeu para o consórcio brasileiro RME (Rio Minas Energia Participações) 79,6% do capital social da Light. A EDF permanecerá como acionista minoritária da Light. Há pouco, os papéis ON da Light despencavam 16,66%, para R$ 15,40. O consórcio pagou US$ 319,8 milhões. Segundo analistas, a correção ocorre porque esse valor é inferior ao preço de mercado das ações.
Também estavam em queda Contax ON (4,33%), Telemig Part PN (2,75%) e Eletropaulo PN (2,42%). Entre as altas estavam Eletrobras ON (4,40%), Net PN (4,04%) e Eletrobras PNB (3,53%). As ações mais negociadas eram de Petrobras PN, Vale do Rio Doce PNA e Usiminas PNA.