Os desdobramentos da Operação Lava Jato, os leilões de linha (venda de dólares com compromisso de recompra) realizados pelo Banco Central e o recuo da moeda americana no exterior determinaram nesta quarta-feira (9) a queda firme do dólar ante o real.
A moeda americana à vista cedeu 1,04%, aos R$ 3,6991, o menor valor em mais de seis meses, desde 1º de setembro de 2015. Já a divisa para abril, que encerra apenas às 18h15, recuava 1,67% no fim da tarde, aos R$ 3,7155. Por trás do movimento, seguiu a percepção de que o impeachment de Dilma Rousseff tem grande chance de avançar.
A maior cotação para o dia foi vista logo na abertura, às 9h02 (R$ 3,7492, +0,30%). Mas em menos de 10 minutos de negociação o dólar à vista já havia migrado para o território negativo, em sintonia com o exterior, onde o avanço do petróleo colocava a moeda americana em queda ante várias divisas de exportadores.
As notícias mais recentes da Operação Lava Jato também continuavam a influenciar o apetite vendedor dos players. Profissionais ouvidos pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, pontuavam que, desde a semana passada, quando vazou a delação do senador Delcídio Amaral e o ex-presidente Lula foi conduzido coercitivamente para depor, a situação do governo Dilma Rousseff não melhorou.
Para completar, os leilões de linha de até US$ 2 bilhões, programados para a tarde de hoje, também eram apontados como motivo para o dólar continuar caindo ante o real.
No início da tarde, o dólar amplificou um pouco as perdas e chegou a ser cotado abaixo dos R$ 3,70, algo que havia sido visto na sexta-feira, quando Lula foi conduzido para depoimento pela Polícia Federal. Na mínima de hoje, às 12h31, o dólar à vista marcou R$ 3,6861 (-1,39%). Da máxima vista logo cedo para esta mínima, a moeda americana oscilou -1,68%, o que sugere forte volatilidade. Depois, a divisa se recuperou um pouco, mas voltou para abaixo de R$ 3,70 antes do fechamento.
No início da tarde, os dados do fluxo cambial divulgados pelo BC não chegaram a influenciar de forma duradoura as cotações. Mas chamou a atenção o fato de, em fevereiro, o País ter registrado saída líquida de US$ 9,294 bilhões, sendo US$ 11,231 bilhões pela via financeira, enquanto a comercial acusou entradas de US$ 1,936 bilhão. Foi a maior saída mensal desde dezembro de 2014 e a maior para meses de fevereiro desde o início da série histórica. Em março, até o dia 4, o fluxo total está positivo em US$ 994 milhões (+US$ 1,715 bilhão pelo financeiro e -US$ 721 milhões pelo comercial). No acumulado do ano, até dia 4, o fluxo está negativo em US$ 6,825 bilhões.