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Política cambial

Dólar valoriza 22 centavos em uma semana e sobe para R$ 2,83

Declaração do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, no último dia 30 turbinou a procura pelo dólar: "efeito manada" | Alexandre Cassiano / Agência O Globo
Declaração do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, no último dia 30 turbinou a procura pelo dólar: "efeito manada" (Foto: Alexandre Cassiano / Agência O Globo)

O turbilhão de incertezas que atinge o mercado brasileiro colocou o dólar ontem no maior patamar desde 8 de novembro de 2004. A moeda americana fechou em R$ 2,8310, uma alta de 1,83%. Desde o fim de janeiro, o dólar vem numa clara escalada ante o real – no dia 29, estava cotado a R$ 2,6080. Em apenas oito dias úteis, foram 22 centavos de alta.

O gatilho para o movimento foram os comentários do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, no último dia 30. Na ocasião, ele afirmou que o governo não tem a intenção de manter o câmbio "artificialmente valorizado". De lá para cá, os números e as notícias que saíram ampliaram as dúvidas sobre a capacidade de o governo conseguir reequilibrar a economia.

"Temos os problemas de sempre: risco de racionamento de energia, falta de água, PIB baixo...", disse João Paulo de Gracia Corrêa, gerente de câmbio da Correparti Corretora. "Tudo começou quando o Levy falou, no dia 30. E agora vemos um 'efeito manada', em que todo mundo vai em busca de dólar."

As notícias que vêm do exterior também têm contribuído para a valorização da moeda americana. Na sessão de ontem, a incerteza em relação ao destino da Grécia foi o principal pano de fundo externo para o avanço da moeda. As informações eram de que a Comissão Europeia teria preparado uma proposta para prolongar em seis meses o resgate financeiro da Grécia.

No entanto, o ministro da economia da Alemanha, Wolfgang Schäuble, descartou a possibilidade de novo acordo para a dívida grega. E como não está claro nem mesmo se o país aceitaria esse acordo, a indefinição permanece.

Isso manteve o dólar em alta ante praticamente todas as demais divisas de países emergentes e exportadores de commodities no exterior. Só que, no Brasil, as preocupações internas intensificaram esse movimento. Na cotação mínima de balcão, vista na abertura, a moeda americana marcou R$ 2,7850, para depois subir até a máxima do dia de R$ 2,8360, recuando depois para os R$ 2,8310.

Especulação

Segundo analistas, há também um forte componente especulativo nesse movimento.

"Em 2002, houve um firme avanço do dólar por causa da eleição do Lula. Mas naquele momento o país estava quebrado, com poucas reservas. Na crise de 2008, houve novo estresse, mas a questão foi global. Agora, o movimento de alta do dólar não tem um ingrediente tão forte", disse Alfredo Barbutti, economista da BGC Liquidez Corretora.

" O problema é que o Brasil hoje não está sufocado como estava em 2002."

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