Depois de três semanas, a taxa de câmbio brasileira voltou a encerrar os negócios no patamar de R$ 1,70. À medida que o governo acumula iniciativas para conter a desvalorização cambial, crescem as expectativas de que mais novidades possam vir com o fim do calendário eleitoral. Ontem, o dólar chegou a bater a cotação mínima de R$ 1,673, mas encerrou o dia na faixa mais alta de preços, em R$ 1,701, o que representa um aumento de 1,55% sobre a taxa final de quarta. A forte alta de ontem pode ser interpretada como um efeito acumulado das medidas oficiais já anunciadas.
Na noite de quarta, a autoridade monetária baixou novas medidas no sentido de restringir a especulação com as taxas de câmbio. Após subir o IOF cobrado sobre as margens de segurança (depósitos) exigidos em operações com derivativos feitas por estrangeiros, o BC baixou medidas para tampar as brechas que permitiriam a investidores não residentes escapar da alíquota mais alta do imposto.
Questionado por jornalistas, o ministro Guido Mantega (Fazenda) negou que novas medidas estejam em estudo. E, ontem, o presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, afirmou que já houve uma sinalização do governo no sentido de que não se deve mexer no IOF sobre aplicações em renda variável por estrangeiros. "Já houve uma manifestação do ministro [da Fazenda, Guido Mantega] comigo mesmo que a questão estava mais nos [mercados] futuros", afirmou. Essa possibilidade era um dos muitos rumores que circulavam nas mesas de operações de bancos e corretoras, quando começaram a sair as primeiras medidas contra a desvalorização cambial.
"Se continuar esse fluxo bastante positivo de recursos para o exterior, certamente o governo vai ter de tomar medidas muito mais drásticas do que vem anunciando", comenta Felipe Pellegrini, gerente da mesa de operações do banco Confidence. "Essas medidas [já anunciadas] são pontuais e podem fazer algum efeito, mas se o investidor externo fizer as contas, ainda está ganhando [se aplicar recursos no país]", acrescenta.
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