Um movimento global de aversão a risco devolveu o dólar para o patamar de 1,75 real nesta quarta-feira, em uma sessão de instabilidade alimentada pela forte queda da Bovespa.
A moeda norte-americana subiu 0,92 por cento, para 1,755 real. O principal índice da bolsa paulista tinha queda de 3,6 por cento no final da tarde.
"Com a bolsa nesse nível, deve estar tendo saída (de investidores)", disse Francisco Carvalho, gerente de câmbio da corretora BGC Liquidez. "A gente está tendo uma correção grande... mas não é nada absurdo, é parte do negócio."
A pesada desvalorização de ativos brasileiros era parte de um movimento internacional de aversão a risco. Desde o começo da semana, investidores têm abandonado aplicações mais arriscadas e buscado refúgio em opções consideradas mais seguras, como títulos do Tesouro norte-americano.
Nesta sessão, a justificativa para a piora internacional foi a queda inesperada das vendas de novas moradias nos Estados Unidos --sinal de que a maior economia do mundo ainda encontra muitos percalços. Na quinta-feira, o mercado acompanha o dado mais aguardado da semana, o Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano do terceiro trimestre.
O movimento desta sessão foi reforçado pela dúvida de investidores sobre a continuidade do ciclo de alta das ações, que já dura meses nos principais mercados do mundo. A cautela valorizava o dólar, que subia 0,4 por cento ante uma cesta com as principais moedas.
"O pessoal está chamando uma realização (de lucros) há muito tempo. Ela está aí, acontecendo", acrescentou Carvalho.
A saída de investidores da Bovespa, no entanto, ainda não afetou significativamente o fluxo de dólares para o país.
Embora tenha havido déficit nos últimos dois dias da semana passada, o país ainda registra entrada líquida de 12,8 bilhões de dólares em outubro, segundo dados do Banco Central que incluem as transações financeiras e comerciais.
A alta do dólar proporciona algum alívio a setores do governo, que na semana passada anunciou a cobrança de IOF sobre capital estrangeiro em ações e renda fixa para tentar limitar a valorização do real. Em evento no Rio de Janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o governo trabalha para manter o equilíbrio da taxa de câmbio, mas negou que haja uma meta para o dólar.