A desvalorização das ações da Petrobras - após a divulgação do novo plano de negócios da empresa - segura o desempenho da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) nesta quinta-feira (14). Mercados internacionais reagiram negativamente ao rebaixamento do rating da dívida de longo prazo da Espanha e do Chipre pela Moody's e à divulgação de que o banco Credit Suisse precisa se capitalizar neste ano. Por volta de 12h45m, o Ibovespa, referência do mercado brasileiro, subia 0,06%, aos 55.523 pontos, após recuar durante boa parte da manhã.
O dólar comercial subia 0,04% ante o real, a R$ 2,073 para venda. Chegou a cair 0,48%, a R$ 2,062, depois que o governo reduziu o prazo que os empréstimos feitos no exterior ficam sujeitos à incidência de 6% de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Analistas consideram, entretanto, que a mudança tem pouca eficácia para desvalorizar a divisa. Entre as 16 principais moedas do mundo monitoradas pela Bloomberg, apenas o real e o rand sul-africano recuam ante o dólar, o que mostra a limitação da ação do governo.
"O cenário internacional impede que essa medida tenha um impacto tão grande. Dado o clima de incerteza, pouca gente vai captar lá fora", avalia Vladimir Caramaschi, estrategista-chefe do banco francês Crédit Agricole no Brasil.
Antes da mudança, captações com quitação em até cinco anos ficavam sujeitas a pagar 6% do valor da operação em IOF. Agora, só empréstimos com prazo igual ou inferior a dois anos ficam sujeitos a essa cobrança, conforme decreto publicado nesta quinta-feira no Diário Oficial da União. A nova tributação vale para captações de recursos feitas a partir de 14 de junho.
Petrobras aumenta investimentos, mas mantém nível de produção até 2013
As ações preferenciais (PN, sem direito a voto) da Petrobras recuavam 2,27%, a R$ 19,17, em uma reação negativa à divulgação do novo plano de negócios da companhia, o primeiro da gestão de Graça Foster como presidente. O conselho de administração elevou os investimentos previstos - de US$ 224,7 bilhões no período de 2011 a 2015, para US$ 236,5 bilhões entre 2012 e 2016. Mas a meta de produção foi rebaixada, com expectativa de manutenção da produção em 2012 e 2013 no mesmo patamar de 2011. Só está previsto agora aumento significativo em 2014.
"A Petrobras está tendo uma produção menor (do que a prevista) com investimentos maiores. Então o mercado fica preocupado com a geração de caixa da empresa. A expectativa era que a produção voltasse a crescer a partir de 2013", avalia Luiz Otávio Broad, analista de petróleo e gás da Ágora corretora.
Vale PN retrocedia 0,15%, a R$ 37,84, e ordinárias (ON, com voto) da OGX Petróleo subiam 2,06%, a R$ 9,89.
Em Wall Street, Dow Jones subia 0,92%, enquanto S&P 500 ganhava 0,85% e Nasdaq avançava 0,73%.
Na Europa, a Bolsa da Espanha avançava, puxada pelas ações do banco Santander, da varejista Inditex (dona da Zara) e da Telefônica, com alta de 1,12% no IBEX 35. Em Londres, o FTSE 100 recuava 0,18%. O CAC 40 ganhava 0,13% em Paris. O DAX perdia 0,28% em Frankfurt. Em Milão, o FTSE MIB subia 1,32%.