O dólar fechou em alta nesta segunda-feira (18), acima de R$ 3, pressionado pela renovada alta dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos e por expectativas de que o Banco Central brasileiro irá aproveitar o alívio recente no câmbio para reduzir sua intervenção no mercado.

CARREGANDO :)

Investidores aguardam a divulgação da ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve, na quarta-feira (20), e o anúncio dos cortes no orçamento do Brasil, uma das principais medidas do governo para reequilibrar as contas públicas e retomar a confiança do investidor.

A moeda norte-americana subiu 0,68%, a R$ 3,0184 na venda, após fechar abaixo de R$ 3 nas duas sessões anteriores. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 917 milhões.

Publicidade

No exterior, o dólar também se fortalecia contra as principais moedas. O euro amargava a maior queda diária ante o dólar em dois meses.

Governo espera votar desoneração da folha para fechar corte orçamentário

O valor do contingenciamento deve ficar em torno de R$ 70 bilhões

Leia a matéria completa

Juros dos EUA

“O grande evento da semana para os emergentes ficará por conta da ata do Fomc”, escreveram analistas da Lerosa Investimentos em nota a clientes, lembrando que os últimos indicadores apontam que a economia norte-americana enfrentou dificuldades para ganhar ímpeto no início do segundo trimestre.

Os números poderiam levar o Fomc a postergar o aumento de juros nos Estados Unidos, embora essa perspectiva esteja longe de ser certa. “Volatilidade cambial deve continuar elevada na medida em que a indefinição persiste”, acrescentaram os analistas da Lerosa Investimentos.

A alta dos rendimentos dos Treasuries também corroborou para a valorização do dólar, uma vez que atraía para a maior economia do mundo recursos atualmente aplicados em outros países. “Apesar dos últimos dias de tranquilidade, (os títulos dos EUA) continuam muito voláteis. Isso gera cautela”, disse o operador de um banco internacional.

Publicidade

Orçamento

No Brasil, o foco seguiu voltado para o noticiário fiscal, após a presidente Dilma Rousseff se reunir com sua equipe econômica no domingo para discutir os termos do contingenciamento do Orçamento da União. O corte de gastos deve ser divulgado na quinta-feira (21), afirmou o líder do governo no Congresso, o senador José Pimentel.

Além disso, a queda recente do dólar tem levado alguns investidores a especularem que o BC brasileiro poderia aproveitar a oportunidade para reduzir sua posição em swaps cambiais, possivelmente limitando uma queda adicional da divisa norte-americana.

“O mercado está olhando de perto o nível de R$ 3. Vai ser difícil furar”, afirmou o superintendente de câmbio da corretora Tov, Reginaldo Siaca.

Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total de swaps para rolagem dos contratos que vencem em junho. O BC já rolou o equivalente a US$ 4,331 bilhões, ou cerca de 45% do lote total, que corresponde a US$ 9,656 bilhões.

Publicidade

Bancos e Vale guiam queda da Bovespa

O principal índice da Bovespa fechou a segunda-feira (18) em queda, pressionado particularmente pela queda dos papéis de bancos e da mineradora Vale, em sessão também marcada pelo vencimento de opções e repercussão ao balanço da Petrobras.

O Ibovespa caiu 1,82%, a 56.204 pontos, revertendo a abertura positiva, quando avançou 0,6%. O volume financeiro somou R$ 10,7 bilhões, inflado pelo exercício de opções, que totalizou R$ 2,9 bilhões.

Itaú Unibanco e Bradesco fecharam em queda de 2,66% e de 2,45%, respectivamente, após o jornal Valor Econômico noticiar que está “praticamente decidida” a elevação da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL) dos bancos de 15% para 17%. A unit do Santander Brasil recuou 2,88%.

Vale terminou com as ordinárias em baixa de quase 5%, enquanto as preferenciais recuaram 4,55%, com o preço do minério de ferro do mercado à vista da China caindo mais de 3% e fechando abaixo de US$ 60 a tonelada.

Petrobras fechou com recuo de 1,99% para as preferenciais e queda de 2,72% para as ordinárias, após subirem cerca de 4% na abertura, ainda em resposta à avaliação positiva dos números da estatal do primeiro trimestre. Cautela ante o quadro desafiador à frente, o corte na recomendação do ADR (recibo de ação negociado em Nova York) pelo Goldman Sachs e a queda dos preços do petróleo no exterior ajudaram no ajuste.