São Paulo (das agências) A empresária Eliana Tranchesi, dona da Daslu, foi libertada ontem à noite após ter sido mantida presa por cerca de dez horas na sede da Polícia Federal em São Paulo, onde prestou depoimento. Principal sócia da empresa, ela é acusada de sonegação fiscal, formação de quadrilha, contrabando, falsidade ideológica e crime contra a ordem tributária. A Daslu é a loja mais sofisticada do país e o novo prédio foi inaugurado no mês passado.
Rui Fragoso, advogado da loja, afirmou que a Daslu aluga espaços para empresas de terceiros, que podem ser o alvo da megaoperação da Receita Federal. Ele afirmou que a prisão, decretada por uma juíza federal de Guarulhos, foi uma "violência" e a considerou "estranha".
Segundo a Polícia Federal, as investigações prosseguem. Continuam presos Antônio Carlos Piva de Albuquerque, o irmão da empresária que cuidava da administração da Daslu, e Celso Lima, contador e sócio de uma das empresas importadoras da loja. Os dois ainda não prestaram depoimento.
A Polícia Federal deu início ao que batizou de Operação Narciso, às 6 horas da manhã, no novo prédio da Daslu. Segundo a PF, são 33 mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão decretados pela Justiça Federal.
A operação da Receita também chegou à antiga sede da loja. No antigo escritório, localizado na Vila Nova Conceição, bairro nobre da zona sul da capital, a polícia apreendeu 23 caixas com notas fiscais de 2004. Em algumas delas, estava escrito que o material deveria ser incinerado após setembro de 2005. Segundo fiscais da Receita, documentos como os encontrados deveriam ser guardados por pelo menos cinco anos.
A PF informou que a Daslu adquiria produtos por meio de importadoras que subfaturavam as mercadorias para reduzir a incidência de Imposto de Importação e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) importados. Segundo a polícia, a fatura comercial verdadeira era trocada por outra com valor inferior. As investigações começaram há dez meses, ainda em 2004, quando foram apreendidos em aeroportos de São Paulo e Curitiba produtos com notas fiscais falsas e verdadeiras. O procurador da República em Guarulhos, Mateus Manhoni, afirmou que há indícios de que a loja usava "laranjas" e empresas fantasmas na importação de produtos.
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