A mexicana Femsa voltou a colocar a onda de fusões e aquisições do setor de bebidas no centro das atenções do mercado financeiro. Uma reportagem publicada no início da semana pelo Wall Street Journal indicava que a divisão de cervejas da empresa que inclui, no Brasil, a marca Kaiser, e que tem uma de suas fábricas em Ponta Grossa, nos Campos Gerais estaria cada vez mais próxima de ser vendida para o grupo britânico SABMiller ou para a holandesa Heineken.Na noite da última terça-feira, entretanto, os mexicanos limitaram-se a repetir os tópicos de um comunicado oficial, lançado há 20 dias, em que confirmavam negociações "com diversas empresas para explorar oportunidades no mercado de cervejas", mas que "não há garantias de que essas discussões levem a um acordo".
"As notícias que começaram a ser divulgadas esta semana contêm diversos erros", diz o diretor de relações com investidores, Juan Fonseca. "Mas qualquer informação extra divulgada neste momento afetaria o mercado e afetaria os nossos acionistas", completou. Mike Gibbs, analista do JP Morgan Chase, estima que uma eventual venda da divisão de cervejas da companhia possa movimentar US$ 9 bilhões.
Perfil
A Femsa sente no segmento de cervejarias a pressão de ter uma concorrente gigante como a AB InBev fruto da fusão da norte-americana Anheuser-Busch (dona da Budweiser) com a belgo-brasileira InBev (controladora de Skol, Brahma e Antarctica), ocorrida no ano passado. No México, perdeu recentemente a liderança de mercado para a rival Modelo, fabricante da Corona que tem a InBev entre seus maiores acionistas.
A brasileira Kaiser, por sua vez, manteve 7% de participação de mercado, de acordo com a empresa de pesquisas Nielsen. O número representa uma reversão na queda de market share, mas ainda fica bem atrás dos 70% das marcas da AmBev (subsidiária sul-americana da InBev).
No Paraná, uma particularidade: a Kaiser continua na liderança de mercado conquistada ao longo da década passada. Na unidade de Ponta Grossa, são fabricadas, além da Kaiser, as cervejas Sol, Summer Draft, Bavaria e Santa Cerva.
Além das cervejarias, o grupo Femsa também opera fábricas de refrigerantes e sucos, e a maior rede de loja de conveniências do México, a Oxxo. Tais divisões não estão em busca de sócios. Há planos apenas de internacionalizar as lojas Oxxo, que têm quase 7 mil pontos de venda no México.
Tanto o faturamento como o lucro operacional do grupo Femsa cresceram com força nos últimos anos, atingindo, respectivamente, US$ 15 bilhões e US$ 2 bilhões anuais no segundo trimestre de 2009. Se haverá novos sócios nesse negócio? "Já temos parceiros magníficos, como a Coca-Cola e a Heineken (responsável pelas operações da companhia nos Estados Unidos e fabricada no Brasil pelas cervejarias da Femsa). Nossas vendas no mercado norte-americano cresceram 30% num momento em que o segmento de cervejas importadas naquele país está encolhendo", responde Juan Fonseca. O interesse desses parceiros "magníficos" e da SABMiller em realizar algum tipo de união para, junto com a Femsa, fazer frente ao poderio da InBev, no entanto, é inegável.
O jornalista viajou a convite da Femsa.
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