O chinês Shan Ban Chum, naturalizado brasileiro, será o terceiro principal acionista da maior indústria de alimentos de capital nacional do país, que surgirá da compra da Eleva Alimentos pela Perdigão .

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A operação, pela qual Shan e filhos repassarão a totalidade da participação de controle na Eleva em troca de dinheiro e ações da Perdigão, causará ligeira diluição da fatia de três fundações na principal concorrente da Sadia.

Previ, Petros e Sistel são hoje os três maiores acionistas da Perdigão. Com a emissão de mais ações pela Perdigão -tanto para pagar o empresário Shan quanto para incorporar ações de minoritários da Eleva-, as parcelas das fundações passarão, respectivamente, de 15,68 para 14,16 por cento, de 12,09 para 10,87 por cento, de 5,09 para 4,6 por cento.

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Dependendo da adesão dos minoritários da Eleva à operação, a família Shan deterá entre 7,3 e 7,5 por cento da nova Perdigão, da qual a processadora de leite dona da marca Elegê será subsidiária integral. A Eleva, antiga Avipal, que se lançou na Bovespa em 1985, tem apenas 23 por cento das ações em circulação (free-float).

O chinês Shan fundou a empresa brasileira em 1959, depois de ter deixado o país de origem. Originalmente atuava apenas nos segmentos de carne e grãos, mas em 1996 adquiriu a Laticínios CCGL e acabou por tornar-se a maior produtora de leite longa vida da América Latina, com 900 milhões de litros processados por ano.

As ações da Eleva subiram quase 8 por cento nesta quarta-feira, cotadas a 24,75 reais, com volume de 10 milhões de reais, após o anúncio do negócio ocorrido na véspera. A oferta da Perdigão colocou a ação da Eleva em 25,82 reais, representando um prêmio de 12 por cento em dinheiro para controladores e minoritários.

Na avaliação do Banco Fator, o preço pago "não foi caro". O analista Renato Prado acredita que haverá grandes sinergias operacionais e administrativas, além de diluição de custos fixos em função do ganho de escala das operações.

Executivos de ambas as empresas, que deram entrevista nesta tarde, evitaram fazer projeções sobre o futuro da Perdigão por causa do período de silêncio obrigatório decorrente do anúncio da operação, que inclui oferta de ações.

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Afirmaram apenas que vêm poucas sobreposições nas duas operações. Disseram também que foi uma demanda de Shan não receber a totalidade do pagamento em dinheiro porque ele quer deter uma fatia da Perdigão. O empresário deve ter o direito a um assento no Conselho de Administração da empresa, embora isso não esteja determinado no acordo entre as partes.

Para o analista do Fator, essa cadeira no Conselho da Perdigão pode ser benéfica para a empresa por causa da experiência de Shan no segmento de lácteos. "Resta saber até que ponto ele vai ter voz ativa", disse Prado.

O empresário, que é presidente do Conselho de Administração da Eleva, receberá até dezembro o pagamento em dinheiro de quase 774 milhões de reais. Com um perfil discreto, Shan não compareceu à entrevista sobre a venda da empresa.