Donos de animais de estimação sabem: é quase impossível resistir à tentação de sacar o celular para registrar as peripécias dos bichinhos. O que alguns estão descobrindo é que compartilhar essas imagens e conquistar admiradores nas redes sociais pode ser um bom negócio.
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Atenção ao conteúdo ajuda a vender marcas e produtos
A palavra de ordem que determina o sucesso dos perfis de personagens nas redes sociais é conteúdo. Essa é a aposta do publicitário Gustavo Teles, CEO da Influencers, agência de marketing de influência que administra nomes de sucesso na internet. “Quando tem credibilidade, a produção ganha a empatia do público e alavanca a audiência. E isso pode ser aplicado para rentabilizar o perfil”, explica.
A renda por visualizações que as próprias plataformas oferecem para quem tem audiência é apenas uma das formas de monetização de um perfil na rede. O autor ainda pode negociar patrocínios e uma infinidade de formatos publicitários no ambiente virtual, como produtos assinados e conteúdos patrocinados. “A questão é manter a sutileza e a elegância na hora de comunicar a marca, uma vez que o fã procura aquele canal por causa do conteúdo oferecido, não pelo patrocínio”, diz.
Outra estratégia importante para transformar um perfil em fonte de renda é ficar atento às características da audiência para manter o engajamento e prospectar anunciantes. “A linguagem precisa ser adequada a esse público, que também pode ser alimentado conforme um calendário editorial, em que as datas mais relevantes são marcadas com produções especiais”, explica Felipe Thomé, CEO da Vocatu, agência de marketing de influência de Curitiba, especializada em defensores de marca.
O respeito à audiência é fundamental para a manter a atividade por mais tempo. “É preciso ser criativo para elaborar formas diferentes de comunicação e escolher os melhores canais e redes sociais, conforme o nicho que é trabalhado”, diz.
Quando tem credibilidade, a produção ganha a empatia do público e alavanca a audiência. E isso pode ser aplicado para rentabilizar o perfil.
Gustavo Teles publicitárioa e CEO da Influencers.
A aborrecida gatinha americana Tardar Sauce, lançada na web como Grampy Cat há quase três anos, tem 7,7 milhões de fãs no Facebook, além de seguidores no Instagram e no Twitter. Virou personagem de quadrinhos, livros, estampa canecas e camisetas, participa de programas de tevê e tem anunciantes de peso no site oficial.
O sucesso da bichana protagonizou até uma polêmica sobre o rendimento que gera para seus proprietários, uma família de Morristown, no Arizona. No fim do ano passado, a dona da gatinha desmentiu o faturamento milionário, estimado em US$ 100 milhões por um tabloide inglês.
No Brasil, os perfis de pet nas redes sociais começam a ganham relevância na internet. Vídeos e fotos de bichinhos quase sempre são campeões de audiência nas redes sociais e acabam surpreendendo quem começou com as postagens de forma despretensiosa e viu seu mascote virar empresa e fonte de renda.
Foi o caso de Amanda Nori, profissional da área de marketing que começou a publicar fotos divertidas do gato Chico há dois anos no perfil Cansei de Ser Gato. Ela e a amiga Stepany Guimarães testaram uma fantasia no bichano, que topou a brincadeira e colaborou para as fotos, publicadas no Facebook.
O post teve repercussão, animou as meninas na produção de mais conteúdo e, em dois meses, ambas deixaram seus empregos para cuidar exclusivamente do perfil. “Foi um susto e completamente inesperado. A audiência do Chico foi espontânea e nós aprendemos na prática a trabalhar com a mídia digital”, conta Amanda.
Livro fotográfico
O primeiro produto foi um livro com as fotos do perfil. As fantasias usadas por Chico, que a cada nova postagem vira outro personagem, entraram na vitrine da loja virtual. Camisetas, canecas e estampas de almofadas também são vendidas pelo site, além da publicidade com marcas de diferentes segmentos, não apenas no mercado pet.
Chico tem quase 330 mil seguidores no Facebook e outros 100 mil no Instagram. Amanda não abre o faturamento da empresa que formalizou para administrar o sucesso de Chico, mas garante que dobrou a receita bruta mensal entre 2014 e 2015.
A dupla já prepara um novo livro do gatinho de três anos, que convive com dois filhotes – Tião e Terezinha – recém adotados, mas menos afeitos às travessuras fotográficas.
“Balaio de Gatos” divulga resgate de animais no Facebook
Outra conta bastante popular é o Balaio de Gatos, da produtora de eventos Patrícia Huth, de Joinville, que tem quase três anos de veiculação. Com 1, 7 milhão de seguidores no Facebook e 75 mil no Instagram, o perfil tem um DNA filantrópico, para divulgação de conteúdo sobre felinos para desmistificação da espécie e suporte para o trabalho de resgate de animais que Patrícia faz na cidade.
Aos 41 anos, ela toca sozinha a produção da página, com investimento em alguns posts que considera mais relevantes, usando as próprias ferramentas da plataforma. Em média, gasta R$ 2 mil com a divulgação do perfil, mas não tem nenhum retorno financeiro. Há um mês lançou bijuterias temáticas para levantar recursos aplicados no trabalho de proteção de animais. “Coloco uma margem para cobrir custos com gasolina, veterinário e remédios que uso nos resgates. Até tentei viabilizar publicidade com a página, mas não cheguei nos canais de marketing das empresas do segmento”, diz.
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