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| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Leiloado há pouco menos de dois anos, o imóvel que abriga o Shopping Total, no bairro Portão, em Curitiba, vai novamente a leilão no início do mês que vem. O lance mínimo será de R$ 144 milhões.

Apenas uma reviravolta pode evitar a realização do certame: a compra do local pelo empresário Salomão Soifer, dono dos shoppings Mueller e Pátio Batel. Soifer descarta essa possibilidade, mas seu suposto interesse tem sido usado pelos proprietários do Total na tentativa de evitar o novo leilão.

O imóvel, que pertence à massa falida da Hermes Macedo S/A, havia sido arrematado em novembro de 2014 pela G2 Consult, empresa de São Paulo ligada aos donos do shopping, Michel Gelhorn e Eduardo Bekin. A G2 se propôs a pagar o lance mínimo, de R$ 120 milhões, com entrada de 20% e o restante parcelado em 48 meses.

A empresa quitou a entrada na época, mas desde então pagou apenas a primeira parcela e o equivalente a metade da segunda. O calote levou a juíza substituta Diele Denardin Zydek, da 1.ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais, a anular o negócio no fim de setembro.

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Negociação

A G2 entrou com agravo de instrumento para retomar a posse e a administração do imóvel e impedir o leilão marcado para 4 de novembro. O desembargador Péricles Bellusci de Batista Pereira determinou, na sexta-feira (7), que a empresa poderá reassumir o Shopping Total por um período de 15 dias. Mas não suspendeu o leilão.

No recurso, a G2 mencionou uma negociação com Salomão Soifer, que estaria disposto a comprar o imóvel e assumir as parcelas pendentes. Com base nessa hipótese, a empresa se comprometeu a quitar, em 48 horas, todas as prestações atrasadas e as que irão vencer – um montante que passa de R$ 90 milhões, sem considerar juros e correção.

O desembargador determinou que a G2 faça o depósito judicial dos valores prometidos dentro de 15 dias, ou seja, até 22 de outubro. Caso ela cumpra a determinação, a massa falida da Hermes Macedo deverá dizer se aceita ou não a quitação.

A possibilidade de transferência ao Grupo Soifer já havia sido levantada em meados de setembro, quando a G2 tentava evitar o “desfazimento” do primeiro leilão. Citando dificuldades provocadas pela crise econômica e pelas restrições de crédito, os donos do Total disseram à Justiça ter buscado empresas interessadas em assumir o negócio.

Os empreendedores prepararam então um acordo de cessão de direitos ao Grupo Soifer, que teria “liquidez para pagar imediatamente as parcelas vencidas, além das parcelas remanescentes”, e pediram uma audiência de conciliação. O pedido foi negado pela juíza da 1.ª Vara de Falências, com o argumento de que o negócio contraria os interesses do processo falimentar.

Soifer nega interesse

Salomão Soifer chegou a discutir o assunto com o síndico da massa falida da Hermes Macedo, Brazilio Bacellar Neto. Mas, procurado pela Gazeta do Povo, o Grupo Soifer informou que “não está em negociação e não irá comprar o Shopping Total”.

Em meados de julho, uma empresa paulista chamada Jive Investments Consultoria também havia manifestado interesse em adquirir o imóvel, mas o pedido de negociação foi igualmente negado pela Justiça.

Às questões enviadas pela Gazeta, a administradora do Shopping Total respondeu que “está adotando todas as medidas necessárias para solucionar esta questão”. Ao longo do processo judicial, a empresa argumentou à Justiça que a “crise financeira nacional” e “os investimentos de cunho estrutural para funcionamento do shopping” – de mais de R$ 35 milhões – fizeram com que ela tivesse dificuldades para honrar as parcelas.

O IMÓVEL

No imóvel ocupado pelo Shopping Total funcionava um centro de distribuição da varejista paranaense Hermes Macedo, que teve a falência decretada em 1997. O terreno tem 31 mil metros quadrados, com área construída averbada de 41 mil metros quadrados e mais 44 mil metros quadrados não averbados. No Total funcionam mais de 300 lojas e cinco salas de cinema. O estacionamento tem capacidade para 1,5 mil vagas.

O LEILÃO

O novo leilão do imóvel será realizado pelo leiloeiro Helcio Kronberg no dia 4 de novembro, às 14 horas, no átrio do Fórum da Fazenda Pública, Execuções Fiscais e de Recuperações Judiciais e Falências (Rua Padre Anchieta, 1287, Bigorrilho).

Centro comercial deve mais de um ano de aluguel à massa falida da HM

O Shopping Total deve mais de um ano de aluguel à massa falida da Hermes Macedo. O valor devido, próximo de R$ 2 milhões, está sendo cobrado na Justiça.

A G2 Consult arrematou o imóvel em 20 de novembro de 2014 e deu o contrato de locação por encerrado em meados do mês seguinte. Como a G2 é ligada aos antigos locatários, donos do shopping, o Total imediatamente parou de pagar o aluguel.

No entanto, naquele momento a G2 ainda não tinha a posse efetiva do imóvel, porque não tinha recebido a chamada carta de arrematação. Esse documento foi emitido apenas em janeiro de 2016, quando a empresa terminou de pagar o parcelamento do ITBI, imposto municipal cobrado na transferência do imóvel.

Em outras palavras, o shopping deveria ter mantido o pagamento do aluguel entre o fim de 2014 e o início de 2016, o que não ocorreu.

Aluguel barato

O valor da locação era extremamente baixo para um imóvel com aquelas características: R$ 139 mil, segundo o síndico da massa falida, Brazilio Bacellar Neto. “Era um contrato que vinha da gestão anterior da massa falida. Uma avaliação feita na época da arrematação indicava que a locação deveria girar em torno de R$ 700 mil por mês”, diz.

O que chama atenção é que, enquanto não pagava nem o aluguel à massa falida nem as parcelas da arrematação, o grupo empresarial que administra o shopping continuou cobrando normalmente os aluguéis dos mais de 300 lojistas ali instalados.

Como a carta de arrematação saiu apenas em janeiro, a G2 só teve de pagar a primeira parcela do negócio, de aproximadamente R$ 2 milhões, em fevereiro deste ano. Depois passou três meses sem pagar e, notificada, se ofereceu em meados deste ano a pagar R$ 500 mil mensais por seis meses, deixando a diferença para o fim do prazo de parcelamento. Desde então, segundo Bacellar Neto, ela depositou o equivalente a meia parcela, ou seja, perto de R$ 1 milhão.

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