O italiano Mario Draghi substituirá em novembro o francês Jean-Claude Trichet na presidência do Banco Central Europeu (BCE) com a garantia de uma continuidade em suas decisões de política monetária para enfrentar a crise.
Draghi disse em discurso que a instituição vai manter as medidas extraordinárias, como o abastecimento de liquidez ilimitada e a compra de dívida soberana e de bônus garantidos o tempo que for preciso. No entanto, o desejo do BCE é interromper esta última atividade assim que for possível.
Draghi chega ao BCE num momento de tensão nos mercados financeiros, medo de uma nova recessão da economia pela crise de endividamento da zona do euro, e protestos nas ruas, além de ter que assumir a decisão de reduzir as taxas de juros na zona do euro, que atualmente estão em 1,5%.
Alguns analistas preveem que o Conselho do BCE decidirá cortar o preço do dinheiro de forma moderada em dezembro, enquanto outros também consideram que isso aconteça na reunião da próxima quinta-feira.
Draghi, que foi criticado por sua atuação no banco de investimentos americanos Goldman Sachs entre 2004 e 2005, já propôs a alguns países o uso de alguns derivados para sanar suas dívidas, transações com as quais, segundo alguns analistas, ajudou o anterior Governo grego a maquiar o estado precário de suas finanças públicas.
Na direção do Banco da Itália, Draghi teve que devolver à instituição a credibilidade perdida, que começou a desmoronar com a falência da Parmalat e da Cirio.
Casado e pai de dois filhos, ele foi o autor das grandes privatizações na Itália e da lei sobre as Ofertas Públicas de Aquisição.
A Alemanha viu com ceticismo que um italiano fosse capaz de defender o principal cargo do BCE, por causa dos problemas que a Itália enfrentou com a inflação em algumas ocasiões.
Draghi terá que manter firme sua independência em um momento em que a Itália tem um enorme e insustentável endividamento e o BCE mantém seu controvertido programa de compra de bônus para socorrer os países com dificuldades de financiamento.
O novo presidente é formado em Economia pela Universidade de Roma La Sapienza e em 1976 concluiu seu doutorado em Economia pelo Instituto Tecnológico de Massachussets com a tese "Ensaios de Teoria Econômica e Aplicações".
Entre 1975 e 1978, Draghi deu aulas em diferentes universidades italianas, e de 1984 a 1990 foi diretor-executivo do Banco Mundial.
Em 1990, foi nomeado assessor do Banco da Itália, e um ano depois, diretor-geral do Tesouro, cargo que ocupou até 2001.
Desde abril de 2009 liderou o Conselho de Estabilidade Financeira, um órgão de supervisão criado pelos países do G20 para evitar crises financeiras como a atual.
Mais “taxa das blusinhas”? Alta do ICMS divide indústria nacional e sites estrangeiros
O que propõe o acordo UE-Mercosul, desejado por Lula e rejeitado por agricultores europeus
O ataque grotesco de Lewandowski à imunidade parlamentar
Marcos Pereira diz que anistia a réus do 8/1 não deve ser votada agora para não ser derrubada no STF
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast