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INDÚSTRIA

Os dribles que a indústria brasileira tenta dar para superar a crise argentina

Manifestantes protestam em Buenos Aires contra a situação econômica do país (Foto: AFP)

Uma das travas ao crescimento da indústria brasileira está na Argentina. O país, que é o segundo principal destino dos produtos manufaturados brasileiros está em crise. Pelo segundo ano seguido, o PIB deve encolher. E este cenário está obrigando as empresas brasileiras a adotarem estratégias diferentes para conter os impactos negativos.

Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), no primeiro trimestre, as exportações para a Argentina atingiram US$ 2,34 bilhão, 46,7% a menos do que em igual período de 2018. O desempenho é o pior desde 2009 para um começo de ano.

Dos dez principais produtos de exportação para a Argentina, houve crescimento nas exportações de apenas um: soja.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que esse cenário está tendo, pelo menos, três impactos para a economia brasileira: menor geração de emprego e renda, a redução no superávit na balança comercial e a necessidade de os setores afetados como carros, máquinas e químicos de buscarem substituir, temporariamente, suas exportações para países da região com maior crescimento econômico.

Argentina impacta nas montadoras

As montadoras são um dos segmentos que mais estão sentindo a retração nas vendas para a Argentina. No comparativo entre os primeiros trimestres de 2018 e 2019, elas caíram 60,2%, atingindo US$ 840,2 milhões, o menor valor desde 2009.

Três dos cinco produtos que tiveram as maiores quedas nas vendas para o país vizinho são desse segmento: tratores (-85,5%), veículos para transporte de mercadorias (-80,3%) e carros (-54,3%).

A crise na Argentina é um dos principais fatores que vem contribuindo para a redução no ritmo de crescimento da produção da indústria automobilística. Nos 12 meses encerrados em fevereiro, a expansão ainda é forte: 10,5% em relação ao período anterior, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Em julho do ano passado, essa taxa era de 21,1%.

“As dificuldades em um canal importante de vendas estão afetando a produção local”, explica André Macedo, coordenador da pesquisa de produção industrial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A retração nos negócios com a Argentina fez com que a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) projete uma redução de 6,2% nas exportações em 2019.

O que vem ajudando o segmento a manter um desempenho forte é o mercado interno. No primeiro trimestre, as vendas de carros cresceram 11,4% no primeiro trimestre em comparação a igual período de 2018.

As montadoras estão buscando expandir a presença em novos mercados. O que mais cresceu foi a Colômbia, que passou a ser o segundo maior destino das exportações de carros brasileiros. No primeiro trimestre foram exportados US$ 98,6 milhões, 94% a mais do que nos mesmos meses do ano passado.

As montadoras são um dos segmentos que mais estão sentindo a retração nas vendas. No comparativo entre os primeiros trimestres de 2018 e 2019, elas caíram 60,2%, atingindo US$ 840,2 milhões, o menor valor desde 2009.

Três dos cinco produtos que tiveram as maiores quedas nas vendas são desse segmento: tratores (-85,5%), veículos para transporte de mercadorias (-80,3%) e carros (-54,3%).

A retração nos negócios com a Argentina fez com que a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) revisse para baixo as previsões para exportações. A expectativa é de exportar 6,2% a menos em relação a 2018.

Máquinas e equipamentos

Outro segmento fortemente afetado pela crise argentina é a indústria de máquinas e equipamentos. Dados da Secretaria do Comércio Exterior (Secex) mostram que entre janeiro e março foram importados US$ 194,7 milhões, 56,4% a menos do que no mesmo período de 2018. É o pior desempenho em 15 anos.

As maiores quedas foram nas vendas de máquinas e aparelhos para colheita ou debulha de produtos agrícolas (-77,6%), motores de pistão (-42%) e bombas de ar (-38,9%).

O setor também vem buscando novos mercados no exterior. Mas, dos dez principais clientes, as vendas cresceram em quatro: Emirados Árabes Unidos, Holanda, Chile e Cingapura.

Plásticos

O terceiro setor que mais exporta produtos para a Argentina, o de plásticos, sentiu uma retração menor nos negócios: 24,9% no comparativo entre os três primeiros meses de 2018 e de 2019. Os US$ 124,1 milhões vendidos no período são o pior resultado desde 2004.

Mesmo com a queda no faturamento, o setor vem exportado mais em quantidade. No ano passado, houve um crescimento de 5,2%. E no primeiro trimestre, foram vendidas 92,3 mil toneladas, 2,2% a mais do que no mesmo período de 2018.

Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), José Ricardo Roriz Coelho, a entidade empresarial tem mantido relacionamento constante com a sua similar - a Câmara Argentina de la Industria Plástica (Caip) - com o objetivo de prospectar novos mercados.

Sobre o futuro dos negócios com a Argentina, o dirigente empresarial é otimista. Ele espera que o mercado argentino permaneça com representatividade significativa na pauta das exportações brasileiras do segmento, devido aos acordos comerciais firmados com o país vizinho que facilitam a realização de negócios.

O terceiro setor que mais exporta produtos para a Argentina, o de plásticos, sentiu uma retração menor nos negócios: 24,9% no comparativo entre os três primeiros meses de 2018 e de 2019. Os US$ 124,1 milhões vendidos no período são o pior resultado desde 2004.

Projeções

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) projeta que 2019 será um ano difícil para as exportações para a Argentina. A entidade aponta que o país tem poucas ferramentas para inibir a queda do PIB - a previsão do Itaú é de uma retração de 1,2% -, já que o país tem de cuidar do déficit fiscal e da inflação,devido ao acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

A expectativa é de que o cenário melhore em 2020, quando se projeta a retomada do crescimento. “Se o país implementa de forma adequada o acordo com o FMI, irá crescer no próximo ano e o Brasil pode retomar suas exportações”, diz Fabrizio Panzini, gerente de negociações internacionais da CNI.

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