A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) volta a operar em baixa nesta quarta-feira (17) após a valorização da véspera, registrada em plena turbulência dos mercados internacionais. Por volta das 11h, o índice Ibovespa - referência para o mercado brasileiro - apontava uma queda de 1,54%, aos 48.470 pontos.
A exemplo da indicação negativa dos futuros em Wall Street, os investidores mantém reservas sobre o anúncio do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) de socorro para a seguradora AIG, a maior dos EUA.
Confirmando rumores que circulavam no mercado, o Fed tomou o controle da empresa com uma injeção de US$ 85 bilhões a título de empréstimo emergencial. Com isso, o BC norte-americano passa a deter 80% do capital da empresa, que terá que vender ativos para repagar a autoridade monetária.
Futuras vítimas
Apesar de bem-vinda, a notícia deixou alguns analistas desconfiados sobre qual será a posição do governo norte-americano diante das possíveis próximas vítimas da crise que se arrasta há mais de um ano.
"Salvar a AIG é uma boa coisa, mas estamos vendo uma posição dupla aqui. Por que o Fed está ajudando a AIG, mas não o Lehman? A menos que as autoridades norte-americanas apresentem uma posição clara sobre quem será ajudado e quem não será, a agitação do mercado vai continuar", afirmou Koichi Haji, economista-chefe do NLI Research Institute, em Tóquio.
Compra
Os investidores também analisam o anúncio de que o banco britânico Barclays adquirirá alguns dos principais negócios de intermediação nos Estados Unidos do quebrado banco de investimentos Lehman Brothers, por cerca de US$ 1,7 bilhão.
As operações que serão compradas pelo Barclays, ligados a investimentos e ao mercado de capitais, têm cerca de 10 mil empregados, segundo um comunicado do banco.
Panorama internacional
As bolsas asiáticas encerraram o pregão sem uma reação comum às ações de salvamento do Fed. Enquanto as bolsas de Japão e Coréia do Sul mostram que estão em fase e recuperação diante da crise, bolsas de Xangai e Hong Kong seguem em turbulência e terminam o dia em baixa.
Já na Europa, as principais bolsas operam em alta nesta quarta. Por volta das 7h de Brasília, o FTSE-100 da bolsa de Londres operava em alta de 1,23%. A Bolsa de Paris (França) operava com o indicador CAC-40 a 0,52%. Em Frankfurt (Alemanha), o índice DAX 30 subia 0,62%.
No entanto, na Rússia, as bolsas de Moscou interromperam as operações após forte queda de 6%. Foi o segundo dia seguido em que o chamado 'circuit braker' foi acionado. Na véspera, a bolsa local chegou a cair 17%
Pregão da véspera
Na terça-feira, em um mercado marcado pelo pessimismo, a notícia de uma possível ajuda do Banco Central dos EUA (Federal Reserve) ao grupo de seguros AIG animou os índices durante a tarde.
O Ibovespa fechou em alta de 1,68%, aos 49.228 pontos. A alta veio um dia depois de a bolsa paulista ter registrado a pior desvalorização em sete anos.
O mercado brasileiro passou o dia inteiro em queda, chegando a registrar desvalorização de 4,36% logo no início do pregão, puxada pelo mau humor internacional e pela queda nos preços das commodities.