O empresário Antonio Borba se diverte com a sua coleção de consoles e jogos do Atari, considerada a maior do país| Foto: Jonathan Campos/ Gazeta do Povo

Os clássicos

Quem foi criança ou adolescente nos anos oitenta certamente se divertiu brincando com um Atari e seu joystick com apenas um botão vermelho e o stick de plástico. Relembre acima alguns dos jogos clássicos

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Alternativa

Em versão para iPhone e iPad

Os nostálgicos mais "modernos" podem se divertir com os jogos de Atari nos dispositivos da Apple. A marca lançou recentemente uma coleção com seus maiores sucessos em versão para iPhone, iPad e iPod touch, que inclui os épicos games do Atari. São 25 pacotes separados, custando US$ 0,99 cada, ou um "pacotão" com todos os 82 jogos do Atari 2600 e mais 18 clássicos do Arcade, como o pioneiro ‘Pong’, por US$ 14,99. "Claro que jogar no computador não tem o mesmo charme como assoprar o cartucho antes de colocar no console. Mas, não deve nada ao original", afirma Elisson Fabiano Calixto. Cada jogo exibe na tela de abertura a sua caixa original da época em que foi lançado e alguns título permitem jogar simultaneamente com um amigo utilizando a conexão bluetooth do aparelho.

Para matar a saudade

Consoles à venda na internet

Quem quer matar a saudade de Atari ainda pode comprar um aparelho para jogar. Vários sites oferecem o produto, geralmente acompanhado dos controles e cartuchos de jogos. A maneira mais fácil é utilizando o site de compras Mercado Livre (www.mercadolivre.com.br). Em uma rápida busca é possível encontrar centenas de ofertas, desde videogames completos até acessórios e jogos vendidos de forma avulsa. Os preços são os mais variados, desde R$ 50 pelo console até R$ 690 pelo videogame completo na caixa original. Também é possível adquirir o videogame pela comunidade "Atari Lovers" do Orkut. De acordo com o responsável pela administração do grupo, Elisson Fabiano Calixto, é comum as pessoas postarem mensagens vendendo ou avisando que estar em busca de determinadas peças e jogos.

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River Raid -Um avião sobrevoava um rio desviando de obstáculos e atirando em inimigos. Em alguns momentos, os caminhos se estreitavam, exigindo mais habilidade com o joystick. Quando o aviso sonoro começava, era hora de reabastecer o avião
Pit Fall -O Indiana Jones do Atari usava cipós para atravessar os blocos de areia movediça, pulava troncos que rolavam e usava jacarés para passar pelo lago. Durante a jornada, ele ainda recolhia prêmios e, em uma passagem secreta, acessava um túnel na parte inferior da tela, no qual precisava enfrentar um escorpião
Enduro -O jogo vinha instalado no Atari então, sem dúvida, é um dos mais conhecidos. O cenário e a pista pela qual os carros corriam mudavam conforme o tempo passava. Dirigir no gelo exigia um cuidado redobrado
Pac Man -O jogo já era popular em fliperamas, mas se tornou um grande clássico do Atari. O objetivo era comer todos os pontos amarelos enquanto fugia dos fantasmas em um labirinto

Receber um convite de um amigo para assistir a uma partida de futebol ou ir ao boteco tomar um chope é algo corriqueiro. Mas, e se o con­­vite for para jogar Atari, o "pai dos videogames", lançado em 1983? Apesar de usar uma tecnologia bastante ultrapassada para os padrões atuais – com imagens de pouca qualidade gráfica e comandos simples – o console ainda tem uma legião de admiradores que não o trocam por nenhum aparelho atual ou por jogos de estratégia em 3D.

O empresário Antonio Borba é um deles. A admiração pelo videogame se transformou em uma paixão. Ele é considerado o maior co­­lecionar de Atari do Brasil – com direito até a troféu. Devido aos com­­promissos profissionais, o contato com os jo­­gos se resume aos finais de se­­manas. Mas, nada que diminua o prazer da brincadeira. "Jogar Atari é uma forma de lem­­brar os tempos de criança. É uma viagem nostálgica", afirma. "Ape­­sar da limitação tecnológica, os jogos são divertidos e competitivos, além de permitir que o jogador use a imaginação." Para Bor­­ba, é uma forma de relaxar, dar risada e "usufruir de coisas mais simples quando se está cansado da tecnologia".

A coleção começou em 2004 e hoje inclui cerca de 40 consoles e mais de 1,6 mil cartuchos de jogos – tudo na embalagem original, em ótimo estado de conservação, e perfeitamente organizado em armários e gavetas. Diante deste imenso arsenal, e morando em um apartamento onde seria im­­possível acomodar tudo, o jeito foi ocupar alguns quartos da casa de seus pais. As portas do cômodo já fo­­ram abertas até para receber a visitas de admiradores vindos do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro.

Ele diz que a coleção é avaliada em mais de R$ 100 mil. Alguns cartuchos brasileiros, por terem sido produzidos em pequena escala, valem uma pequena fortuna no mercado mundial, podendo chegar a R$ 1 mil. Mas Borba faz questão de afirmar que, inicialmente, não tem interesse em vender. Ele só pensaria na possibilidade caso al­­guém se interesse por comprar tudo, e com o compromisso de guardar como serviço histórico.

Ao redor do mundo

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A fascinação de Borba pelo Atari ul­­trapassa as fronteiras do Brasil. Jun­­to da coleção, o diretor de um grupo de empresas de tecnologia – ele jura que a sua profissão se­­guiu nesta área graças à influência dos jogos – guarda fotos e vídeos das diversas visitas que fez à maior coleção de Atari do mundo, nos Estados Unidos. Quando esteve em Nova York a tra­­ba­­lho, ele aproveitou para ir a Port­­land, onde estava ocorrendo um en­­contro de Atari. "Também já tive contato com colecionadores na Argentina."

Internet

A paixão do técnico de suporte Elisson Fabiano Calixto pelo Atari resultou na comunidade "Atari Lovers", criada na rede de relacionamentos Orkut. Além de reunir mais de 22 mil admiradores do game, a ferramenta é utilizada para tirar dúvidas e trocar de informações, e já foi até um canal de oportunidade de negócios, inclusive com o exterior. "As pessoas tiram dúvida, por exemplo, de nomes de jogos para poderem encontrar na internet para baixar no computador. É um grupo unido por uma mesma causa."

Emulador

O jornalista Mauro Abati é outro apaixonado pelo game. Na avaliação dele, o Atari precisa ser analisado pelo pioneirismo. Ele acredita que desta forma as gerações atuais poderão entender o significado do seu lançamento na época. "A jogabilidade era uma coisa totalmente nova naquele momento. As pessoas mais velhas precisam mostrar o Atari às crianças e adolescentes de hoje e também para as gerações futuras, pa­­ra elas saberem como tudo começou e de onde vieram os videogames atuais", defende.

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Há cinco anos, desde que o seu Atari deixou de funcionar, Abati se resume a matar a saudades dos jogos no emulador. Mas admite que não é a mesma coisa que brincar em uma máquina original. "Não é tão legal porque não tem cartucho e nem o joystick. Mas, no momento, me satisfaz", diz.

Pioneiro

O Atari foi o primeiro videogame do mundo a ser vendido em larga escala. Logo após o lançamento, em 1983, o console se tornou um dos maiores fenômenos de vendas da história do segmento. Na época, o Odyssey, seu concorrente no Brasil, não chegava nem perto da popularidade do Atari. O controle, formado por uma alavanca e um botão, permitia que o jogador realizasse os movimentos necessários para a brincadeira e, algumas vezes, até exigia considerável esforço físico.

Os jogos de Atari, embora obsoletos se comparados aos jogos atuais, eram sinônimo de modernidade e tecnologia nos anos 80. Títulos como River Raid, até hoje um dos maiores símbolos de jogos de tiro e aeronave, e Pitfall foram adaptados para videogames mais modernos como o Nintendo e o Playstation. O segundo, inclusive, é a origem do Uncharted, clássico recente do Playstation 3.