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Banco Central

É importante insistir na meta de gastos sem abandonar o marco fiscal, diz Campos Neto

Presidente " Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto. (Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados)

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O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta sexta-feira (17) que é importante que o governo insista no arcabouço fiscal e se esforce para alcançar os objetivos estabelecidos desde o início.

"Se lutou tanto em prol do arcabouço, teve um trabalho de convencimento do Legislativo, da sociedade, e nos primeiros sinais de desafio ele é abandonado... Isso gera uma dificuldade muito grande das pessoas acreditarem nos números futuros", disse Campos durante evento promovido em São Paulo, intitulado “Desafios do Banco Central e a revolução dos pagamentos digitais”.

De acordo com o presidente do BC, se a meta for revisada para permitir um déficit fiscal de 0,25% do PIB no ano que vem, isso equivale a pouco mais de R$ 20 bilhões. "É um jogo de credibilidade. O preço de fazer essa mudança pode ser muito maior que esse valor inicial. Nossa opinião é que seria importante insistir na meta."

Apesar de o governo ser responsável pela realização da política fiscal, Campos Neto reforçou que os gastos no Brasil ainda são muito grandes e que é o Banco Central que acompanha as expectativas futuras do mercado – como juros e inflação – para a política monetária. Ele explicou que, mesmo não havendo uma "relação mecânica" entre a meta de zerar o déficit nas contas em 2024 e a redução da taxa básica, a Selic poderá ocorrer uma desancoragem das expectativas futuras no mercado financeiro.

“Mesmo com o arcabouço fiscal, o Brasil tem o maior gasto da América Latina. Se os agentes econômicos começarem a entender que o fiscal tem uma trajetória de piora bem maior, pode ser que isso, em algum momento, impacte as expectativas de inflação, de câmbio e juros futuros. E aí, sim, vai impactar a nossa função reação”, disse o presidente do BC.

Juros do rotativo, inflação e câmbio

Sobre os juros do rotativo do cartão, Campos Neto disse que ainda há discordâncias no setor privado para estabelecer novas regras. O governo quer limitar taxas.  Para ele, esse é tema é o “mais complexo” que enfrentou na autoridade monetária, e é preciso achar uma solução que não resulte na ruptura do consumo e prejuízo para os lojistas com as maquininhas.

“A gente tem um sistema que tem anomalias. A gente tentou colocar todo mundo numa mesa e achar um acordo. O BC não propôs nada. Escutou as propostas para achar um campo comum”, disse.

Durante o evento, Campos Neto também ressaltou que os núcleos de inflação estão caindo em grande parte dos países, e que o câmbio no Brasil está se comportando bem. Ele ainda disse que o mercado de trabalho segue resiliente, assim como em outras partes do mundo.

"A inflação cheia global teve um repique e depois voltou a cair. O mercado de capitais reabriu, voltou a ter emissões grandes, principalmente o mercado de renda fixa. O mercado de equity ainda está um pouco atrasado, mas está se restabelecendo”, afirmou.

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