Em um cenário incerto e de desaceleração econômica, o dia dos pais deste ano não deve movimentar tanto o comércio como no passado. De acordo com uma pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) com a Universidade Federal de Minas Gerais com consumidores e lojistas de todo o Brasil, 41% dos consumidores não vão comprar presente para comemorar a data. Em 2011, de acordo com o mesmo levantamento, apenas 20% dos filhos deixaram de presentear seus pais.
A expectativa de um baixo crescimento nas vendas já era esperada pelos comerciantes. A estimativa, de acordo com a Associação Comercial do Paraná (ACP), é de que o aumento seja 3% em relação ao mesmo período do ano passado, quando as perspectivas de crescimento foram de 8%. Nacionalmente, a Confederação Nacional dos Lojistas projeta aumento parecido, na casa dos 3,5%.
Claudio Shimoyama, consultor financeiro da ACP, avalia que o crescimento será moderado em função do grau de endividamento e da taxa de inadimplência. "O comerciante não pode esperar uma grande retomada nesta data", afirma.
De acordo com a pesquisa nacional, entre aqueles consumidores que irão comprar presentes, 79% estão dispostos a pagar à vista. "As pessoas não querem se endividar. Na verdade elas estão mais preocupadas em liquidar suas dividas", avalia Ricardo Pereira, consultor financeiro da MasterCard. O presidente da CNDL, Roque Pellizzaro concorda. Ele explica que uma grande parcela dos brasileiros estão presos a dividas adquiridas nos primeiros meses do ano.
Mais otimistas
Mesmo com crescimento abaixo dos últimos anos, o comércio varejista não foi pego de surpresa. "Pelo menos o movimento está sendo suficiente para que os empregos sejam mantidos. O dia dos pais tradicionalmente não é uma data tão expressiva como o dia das mães", afirma o sócio-proprietário Ramon Caldeiran, da ArtFino Calçados.
Os shoppings, que, segundo a pesquisa, devem vender a maioria dos presentes, com 43%, projetam um crescimento mais otimista. O PolloShop estima que o movimento aumente cerca de 30% até o final de semana e as vendas tenham crescimento de até 10% em relação à data no ano passado. José Alcir Gruber, superintendente do Shopping São José, segue a mesma linha, com expectativa de aumento nas vendas entre 9% e 10%. "Estamos em uma fase de expansão do mercado, que deve ter seguimento para o restante do ano", avalia.