Hermes Macedo, Bamerindus, Supermercado Real, Móveis Pinheiro e lojas Disapel – esses nomes trazem saudades não apenas para os consumidores paranaenses mais saudosistas ou "bairristas". Para o mercado publicitário do estado, em especial, eles remetem a uma fase mais abundante em clientes, verbas e, consequentemente, agências e postos de trabalho no setor.

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"O mercado mudou muito. Desapareceram clientes tradicionais – lojas, supermercados locais e construtoras saíram de cena – e outros mudaram seu perfil acionário e foram comprados por grandes redes nacionais ou internacionais", lembra o publicitário Ernani Buchmann, consultor do setor e dirigente da Getz Propaganda. "Muitas agências não sobreviveram. Outras tiveram que mudar, buscar parceria ou mão-de-obra em São Paulo." Outra parcela optou pela fusão. É o caso, por exemplo, da própria Getz, que juntou as operações das antigas Get, Z e Open Salup.

Todas as companhias citadas na abertura dessa reportagem desapareceram durante a década passada. Tantas mudanças, apesar de serem um movimento natural do mercado, acabaram por achatar boa parte das carteiras e verbas publicitárias, e exigiu criatividade dos profissionais para "reinventarem" seus negócios. "Eram anunciantes grandes, que tinham um volume de verba que gerava atividade para as agências locais. O que sobrou para muitas agências daqui é a chamada ‘rebarba’ – trabalhos de folheteria, por exemplo, com remuneração menor." Segundo o consultor, a mudança no perfil dos trabalhos significa uma remuneração até 3 ou 4 vezes menor para as agências.

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O diretor geral e de criação da JWT Curitiba, Mário D’Andrea, concorda que o mercado paranaense hoje é tímido, e acredita que ele cresce em um ritmo lento, menor do que os segmentos empresarial e industrial permitem. "As empresas paranaenses não acordaram para a atividade de marketing e publicidade, para o fato de ela poder ser um trampolim para os seus negócios."

Segundo o publicitário, o mercado é o quarto ou quinto do país, atrás de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, e praticamente empatado com o Rio Grande do Sul. "O Paraná tem potencial para crescer e ocupar até o terceiro lugar. Mas para isso, a indústria e o setor de serviços, por exemplo, precisam investir." Há 23 anos no mercado publicitário, D’Andrea deixou o mercado paulistano há seis anos, quando assumiu a direção da extinta Loducca Sul. A paulistana JWT chegou a Curitiba em 2004, para atender a conta nacional do banco HSBC, com sede na cidade. Hoje tem em sua carteira de clientes também o ParkShopping Barigui e o Grupo Positivo, entre outros.

Vagas

Se o mercado é pequeno, o mesmo não se pode dizer da quantidade de novos profissionais que chegam a ele todo ano. "Não há espaço para tantos formandos, e isso não é um problema local. Acontece em todo o país", diz D’Andrea. "Se considerarmos que há pelos menos 10 ou 11 faculdades no estado, são pelo menos 500 ou 600 novos publicitários por ano." Na outra ponta, as limitações do mercado, muitas vezes, impedem que ele retenha aqueles mais experientes. "Chega uma hora em que ele não comporta mais. Remunerar esses profissionais depende de movimentação financeira, depende de clientes que apostem em publicidade. O que nem sempre acontece aqui", diz o diretor da JWT.

Já para o sócio-diretor da OpusMúltipla Comunicação Integrada, José Dionísio Rodrigues, tantas mudanças fizeram o mercado local amadurecer a ponto de reter talentos, ou mesmo trazê-los de fora. "Já conseguimos fazer isso porque temos agências, anunciantes, veículos e fornecedores de nível internacional. Mesmo que alguns ainda busquem outros mercado, principalmente em São Paulo, esse é um movimento natural", diz. "Além disso, muitos profissionais de lá estão optando por Curitiba porque além de boas oportunidades de trabalho, encontram aqui melhor qualidade de vida."

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