Santa Monica, Estados Unidos – Um fã experiente da maior feira de videogames do planeta se decepcionaria ao perceber que o setor, conhecido por sua irreverência, parece estar começando a se levar a sério. No pavilhão principal da feira Electronic Entertainment Exposition (E3) deste ano, encerada neste último fim de semana, telas de televisão demonstravam os novos jogos para alguns espectadores silenciosos. As moças em trajes sumários e as legiões de fãs que anteriormente caracterizavam o espetáculo estão ausentes.

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Em um esforço por tornar a feira mais "empresarial" do que em edições passadas, os organizadores decidiram excluir a maior parte dos gamers – e com isso reduziram o número de espectadores de um evento que no passado costumava atrair 60 mil pessoas para apenas 3 mil convidados cuidadosamente selecionados. E muitos deles nem mesmo visitam o pavilhão principal.

Com o evento espalhado por todo o balneário de Santa Mônica, e não mais concentrado em um pavilhão de exposições, muita gente agora o considera pequeno demais, além de chato. "Odiei", disse Dan Hsu, editor-chefe da EGM, uma revista de videogames, que se desgastou em deslocamentos de uma suíte de hotel para outra, em partes opostas da cidade, em um esforço para conversar com os principais executivos e assistir às apresentações.

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Algumas das críticas mais severas vieram de Hideo Kojima, criador de Metal Gear Solid, série de videogame de grande sucesso da Konami. O designer considera que a animação das E3 do passado era uma motivação para criar jogos excelentes. "Sei que é uma feira de negócios, mas também é um festival importante", disse ele. "Espero que a minha E3 volte no ano que vem", declarou, e foi aplaudido intensamente.

Nada de show de luzes, gigantescos telões de plasma nem parafernália sonora, mas há sim algumas – poucas – novidades. Da Microsoft, responsável pela abertura da festa, vieram duas notícias, uma boa e outra ruim. Rumores dão conta que a empresa de Bill Gates e Steve Ballmer deve seguir os passos da Sony e baratear seu console, o Xbox 360. A gigante de Seattle nega, mas dada a contradição da multinacional japoensa antes da queda nos preços do PlayStation 3, nada é definitivo. A decepção decorre do pouco detalhamento de Halo 3 e Grand Theft Auto 4 (GTA4), os jogos mais esperados do ano. Halo é uma série exclusiva da Microsoft e GTA4, que também será lançado para o PS 3, terá download de conteúdos especiais para usuários de Xbox 360.

Por falar em PS3, a Sony expôs na E3 o novo modelo do console, com capacidade para 80 GB, além de um PlayStation Portable (PSP) redesenhado. O aparelho portátil ficou 33% mais leve e 20% mais fino que seu antecessor – sem que a tela precisasse ser reduzida, frise-se. Outra novidade do PSP é que agora ele virá com saída para TV – ou seja, ele poderá ser usado como um mero joypad, caso o jogador queira se divertir com um monitor maior.

A Nintendo, por fim, parece estar mais que confortável na posição de líder de mercado. O máximo que fez nesta E3 foi anunciar que o Wii terá Mario Kart enquanto o Nintendo DS receberá seu primeiro título da série Zelda. O maior estardalhaço foi feito pelo Wii Fit, um game de aeróbica em que os movimentos do jogador são reproduzidos no televisor. Tem tudo para ser sucesso no Japão, mas no Brasil. Outras novidades ficaram como o Wii Zapper e o Wii Wheel, respectivamente uma metralhadora e um volante que podem ser acoplados ao joypad do console da Nintendo.