A popularização da internet móvel no Brasil tem mudado não só a maneira das pessoas se comunicarem, mas também de fazerem negócios e acessarem serviços e produtos. Na esteira da popularização dos smartphones e do acesso à rede pelo celular, novos modelos de negócio começam a se popularizar pelo país, conectando fornecedores e consumidores e desafiando a economia dita “tradicional”.
Uma das mais novas plataformas a aportar no Brasil é o serviço de transporte BlaBlaCar, que iniciou suas operações no país na segunda-feira (30). Fundada na França há nove anos, a empresa oferece um aplicativo que permite a motoristas dar carona a interessados em viajar a outras cidades. A viagem é remunerada e parte do valor vai para a BlaBlaCar – modelo semelhante ao Uber, que por sua vez opera somente dentro das cidades.
A expectativa é que, a curto prazo, a popularidade dos serviços da chamada “economia compartilhada”, que também têm no site de aluguéis Airbnb um de seus principais expoentes, chegue por aqui aos níveis vistos nos Estados Unidos. Lá, segundo pesquisa da consultoria PwC , 44% dos consumidores afirmam estar familiarizados com o conceito de economia compartilhada e 19% já utilizaram esses serviços, em áreas como entretenimento, transporte, hotelaria e vestuário.
Outro estudo, do banco Credit Suisse, mostra que 40% dos consumidores em países em desenvolvimentos estão dispostos a se engajar nesses novos modelos de negócios, que devem atingir juntos uma receita anual de US$ 335 bilhões em 2025, valor 20 vezes maior do que o registrado em 2013, de US$ 15 bilhões.
Esse potencial tem chamado a atenção não só de empresas estrangeiras, mas de empreendedores locais. Sediada em Curitiba, a Fleety é a primeira rede brasileira de carros compartilhados, em que donos de automóveis alugam seus carros para estranhos que precisam de um veículo por um curto período de tempo.
“A economia do compartilhamento tem um potencial absurdo e estamos só começando a explorá-la. Compartilhar é intuitivo ao ser humano e o que precisamos fazer para que isso se potencialize é quebrar as amarrações que fazem com que as pessoas não pensem assim”, afirma o CEO da Fleety, André Marim.
Regulação
Além do desafio de convencer e agregar usuários, as novas plataformas também precisam vencer a batalha contra os legisladores. Mesmo com o potencial de “roubar” clientes de hotéis e pousadas, o Airbnb se popularizou no Brasil sem dificuldades legais e inclusive é um dos fornecedores oficiais de hospedagem para as Olimpíadas de 2016. O Uber, por outro lado, não tem tido a mesma “sorte”.
“Sempre que a tecnologia tem impulsionado uma troca radical na maneira como conduzir um negócio, a oposição a essa mudança tem sido muito forte. Desde a época da Revolução Industrial até os dias atuais, a pergunta não é se existirá uma serviço barrado por outro, mas sim quanto tempo demorará até que estes serviços sejam aceitos e em quais requisitos são regulamentados”, afirma o diretor da 4G Americas para a América Latina e Caribe, José Otero.