A economia brasileira registrou em maio a maior retração desde 2008, mostrou um indicador do Banco Central, pressionada pela fraqueza da produção industrial e destacando as dificuldades de uma recuperação consistente da atividade.
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado um sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), registrou queda de 1,4% em maio sobre abril, de acordo com dados dessazonalizados divulgados ontem.
O resultado anulou a alta vista em abril, quando houve crescimento de 0,96% já considerando os dados revisados pelo BC e também foi bem pior que a mediana das projeções dos analistas, que apontava para uma queda mensal de 0,90%.
"Basicamente não há recuperação. Essas leituras oscilantes refletem o que estamos vendo na produção industrial, mostrando que de fato, na média, não há crescimento", avalia a economista do Santander Fernanda Consorte.
A estimativa da economista é de um crescimento de 2% do PIB este ano. "Mas quando se pensa na quantidade de estímulo que foi dado para a economia brasileira, era de se esperar crescimento maior", acrescentou.
Na comparação com maio de 2012, o IBC-Br avançou 2,61% e acumula em 12 meses alta de 1,89%.
"O resultado negativo (do IBC-Br) fortalece nossa visão de que a economia brasileira carece de capacidade para crescer de maneira sustentável. Portanto, mantemos nossa visão de que o crescimento brasileiro deve permanecer reprimido por questões de oferta e não devemos ver uma recuperação sustentável à frente", afirmou o Espírito Santo Investment Bank em nota assinada pelo economista-chefe Jankiel Santos e pelo economista sênior Flávio Serrano.
Nas contas dos analistas, foi o pior resultado desde a contração de 4,4% em dezembro de 2008, no auge da crise financeira internacional.
Indústria
O desempenho da indústria exerceu forte peso sobre a economia em maio, uma vez que recuou 2% ante o mês anterior principalmente com a piora nos bens de capital, uma medida de investimentos.
As vendas no varejo, por sua vez, não conseguiram atenuar o efeito negativo da indústria, já que mostraram estabilidade em maio ante abril, destacando a debilidade do consumo no país, abalado pela inflação alta, num setor que vinha sendo o motor da economia.
Nas conta da economista-chefe da Rosenberg & Associados, Thais Marzola Zara, se em junho o IBC-Br ficar estável, ainda assim ele apontará crescimento de 0,6% no segundo trimestre sobre o primeiro. Segundo o IBGE, o PIB cresceu 0,6% no primeiro trimestre deste ano, em relação aos últimos três meses do ano passado, e 1,9% sobre igual período de 2012.