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“Economia do rolé” é oportunidade de R$ 129 bilhões em consumo

Grupenmacher, da Procorrer: “onda” de consumo aparece quando tênis caro cai no gosto popular | Antônio More / Gazeta do Povo
Grupenmacher, da Procorrer: “onda” de consumo aparece quando tênis caro cai no gosto popular (Foto: Antônio More / Gazeta do Povo)

A rede de lojas curitibana Procorrer, especializada em vender calçados esportivos, percebe de tempos em tempos o que o empresário Roberto Grupenmacher chama de "onda". É quando um tênis caro, símbolo de status, se torna alvo de uma demanda bem acima do esperado. Já foram três ou quatro "ondas" nos últimos dez anos – a mais recente é de um modelo da Mizuno que custa R$ 999 – e Grupenmacher sabe que as vendas têm motor definido: jovens de classes populares, em especial a C. Na filial que será inaugurada em março na capital, os sócios da Procorrer pensaram nesse público ao estrear uma marca americana na cidade, a Under Armour. "Como ainda é rara aqui, pode dar a impressão de que quem comprou viajou para isso", brinca.

Desejo de grife e de consumir são as características do jovem da classe C mapeadas pelo Instituto Datapopular. Filhos dos brasileiros que ascenderam em estilo de vida nos anos 2000, essa fatia da população tem poder de consumo ainda maior que o da classe alta: R$ 129 bilhões contra R$ 80 bilhões.

Eles também têm fraco por shopping centers e não estão tão interessados em consumir marcas feitas para eles. Preferem as "high end" aquelas mais caras e já estabelecidas que os colocam no mesmo patamar de um jovem de elite.

Tabu

O assunto é tabu para as marcas. Mesmo grifes paranaenses preferem não comentar o assunto, ainda que mostrem indícios claros de que se preocupam em atender a esse público.

"A segmentação é uma realidade, apesar de ser um assunto complicado. Não importa mais quanto dinheiro uma pessoa tem no banco, mas o quanto está disposta a gastar", acredita o professor de marketing Jorge Carvalho Bittencourt, do Ibmec.

É visível, por exemplo, que marcas abrem projetos de franquia e escolhem itens baratos para vender a quem não é seu público usual. Mas a falta de controle no público-alvo preocupa as marcas, como declarou o presidente do Datapopular, Renato Meirelles, na última semana. A pesquisa do instituto mostra, porém, que o jovem de classe C não poderá ser desprezado por marcas que almejam ser as primeiras no seu setor.

Por isso, ninguém está mais otimista que as multimarcas, que não têm como principal objetivo proteger o status de um nome. O grupo de óticas Winnikes, por exemplo, pretende lançar mais lojas em bairros de Curitiba, como Sítio Cercado e Pilarzinho, e aposta na venda pela internet para atender ao jovem de classe C. Segundo a empresária Tânia Winnikes, as vendas foram beneficiadas pela baixa nos preços dos óculos – no Brasil, todos são importados.

"Os fabricantes avaliam que as óticas podem ter um boom nos próximos anos e quiseram diminuir a concorrência com importação. Muito por causa desse público novo e consumista", conta. Na Winnikes, já é usual a figura do jovem cliente que leva até a loja uma fotografia do modelo desejado, como o Juliet e o Breadbox, da Oakley. "Às vezes ele não encontra em lugar nenhum e pede pelo amor de Deus para encomendarmos", conta Tânia.

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