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Conjuntura

Economia encolhe e reforça aposta em corte maior no juro

A queda de 1,2% no Produto Interno Bruto (PIB) de julho a setembro, em relação ao trimestre anterior, divulgada ontem, elevou as apostas de um corte mais agressivo nos juros básicos, na reunião deste mês de dezembro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. A taxa básica (Selic) vem recuando desde setembro deste ano, após nove meses de alta e três de manutenção, mas ainda é apontada por empresários, políticos e analistas econômicos como um dos principais fatores da retração da economia brasileira. Trata-se da maior queda do PIB em dois anos e meio – no primeiro trimestre de 2003, ele caiu 1,3%. Em relação ao terceiro trimestre do ano passado, houve expansão de 1% no PIB. No acumulados dos nove primeiros meses de 2005, a alta é de 2,6%.

Atualmente, a taxa Selic está em 18,5% ao ano, depois de uma redução de 0,25 ponto porcentual e duas de 0,5 ponto. Parte do mercado começa a cogitar a possibilidade de o Copom fazer um corte de pelo menos 0,75 ponto porcentual na Selic em dezembro.

Surpresa

O resultado mais fraco na economia já era previsto desde o primeiro semestre, por conta dos juros altos, do dólar desfavorável aos exportadores e da concentração dos efeitos da crise política do governo Lula. Entretanto, o resultado foi pior do que o esperado. Nos últimos dias, as previsões eram de uma leve alta de 0,1% para o PIB até uma queda de 0,5%.

Sob a ótica da produção, o fraco desempenho do PIB foi motivado pelo comportamento da indústria e da agropecuária. Sob a ótica da demanda, os investimentos contribuíram para a taxa negativa. "Tivemos uma surpresa no terceiro trimestre com a forte queda da confiança do consumidor intensificada pela crise política, o que levou a uma estabilidade das vendas no comércio e a uma redução da produção industrial", afirmou Guilherme Maia, da consultoria Tendências.

Indústria

A expectativa por um desempenho mais fraco ganhou fôlego após a divulgação dos resultados da indústria, que foi o motor do crescimento da economia no segundo trimestre, quando houve expansão do PIB de 1,1%. A produção industrial apresentou o pior desempenho do ano no terceiro trimestre. Segundo dados do IBGE, houve queda de 2,1% em julho, alta de 0,9% em agosto e queda de 2% em setembro. Embora existam diferenças entre a medição do comportamento da indústria na produção industrial e no PIB, os resultados já indicavam que a expansão do segundo trimestre não se repetiria.

Segundo cálculos do IBGE, para alcançar um patamar de crescimento de 3% no ano, a economia brasileira precisa crescer 4,3% no último trimestre na comparação com igual período do ano passado. Um crescimento mais modesto, da ordem de 2,8% no ano, seria atingido com uma expansão do PIB no quarto trimestre de 3,5% em relação a igual período de 2004.

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