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Viagens adiadas

Com economia estagnada, nem queda do dólar é suficiente para estimular o turismo

Aeronave vazia
Mesmo com dólar em baixa, má fase da economia mantém turismo desaquecido (Foto: Albari Rosa) (Foto: )

Em anos anteriores, as variações mais drásticas do câmbio significavam mudanças no ritmo das viagens domésticas ou internacionais. A lógica é mais ou menos simples: quando o dólar fica mais caro, parte da população que viajaria ao exterior muda seus planos e tira suas férias dentro do Brasil mesmo. Neste ano, a cotação do dólar variou intensamente, ao sabor do andamento das reformas – em fins de maio, ultrapassou os R$ 4; nesta semana, ficou mais próximo dos R$ 3,70 do que dos R$ 3,80. Que efeitos essa bússola desgovernada pode ter no segmento de turismo?

Por incrível que pareça, bem pouco. Os números dos voos internacionais mostram certa estabilidade: de janeiro a maio (último mês disponível nas estatísticas da Agência Nacional de Aviação Civil, Anac), o número de passageiros em voos internacionais ficou em 10,3 milhões, contra 10,1 milhões no mesmo período de 2018. O crescimento foi de apenas 1,8% - de 2017 para 2018, o aumento havia sido de 14%.

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Mais importante do que o câmbio, na avaliação do economista Christian Luiz da Silva, professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), é a conjuntura geral. “Na verdade o nosso câmbio ainda é alto demais. Mesmo com essas flutuações ele ainda é impeditivo para que o viajante brasileiro faça esse tipo de opção. Para estimular o turismo daqui para fora teria que baixar muito”, observa. Por outro lado, a recessão que o país enfrentou no período 2015/2016 ainda deixa cicatrizes: o poder de compra não retomou o padrão anterior, o desemprego continua alto e o crescimento econômico é insignificante. Fica difícil fazer turismo dessa forma.

Cyntia Braga, proprietária do Concept Design Hostel, de Foz do Iguaçu, conhece bem o problema. “O primeiro semestre deste ano foi bem ruim, pelo menos 20% pior do que no ano passado”, resume. “Tenho até vergonha dos números: depois de ter tido 92% de ocupação média em 2017, nos últimos 6 meses nós não chegamos a 60%.” Com seis anos trabalhando no esquema hostel, ela conta que recebe muitos estrangeiros, e que nos últimos tempos eles vêm chegando em maior número fora de temporada. “A gente sente um pouco mais o câmbio pela presença de brasileiros, que não conseguem viajar para o exterior e buscam opções internas.”

Sem querer estragar o entusiasmo de ninguém, o economista Christian diz que não vê razões para ser otimista. “Mesmo com a aprovação de todas as reformas, o reflexo no crescimento e em outras variáveis, como o câmbio, não vai ser intenso nem imediato”, opina. O turismo vai continuar lutando para melhorar seus números.

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