Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
TRABALHO

Economia formal fecha as portas para os mais instruídos

Os maiores cortes ano passado ocorreram no setor industrial, que eliminou 34 mil postos de nível superior | Henry Milleo/Gazeta do Povo
Os maiores cortes ano passado ocorreram no setor industrial, que eliminou 34 mil postos de nível superior (Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo)

A economia brasileira eliminou 461 mil postos de trabalho formal para profissionais de ensino médio e 76 mil vagas de nível superior em 2015. Foi a primeira vez em pelo menos 12 anos que o saldo do emprego com carteira assinada ficou negativo para essas duas faixas de escolaridade. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), cuja série histórica com detalhamento por grau de instrução começou em 2004.

INFOGRÁFICO: confira o saldo do emprego por idade e escolaridade nos últimos anos

O mercado de trabalho atingiu seu ápice em 2010, quando foram criados 2,6 milhões de empregos formais em todo o país. A geração de oportunidades começou a perder vigor no ano seguinte e veio desacelerando desde então, até culminar no fechamento de mais de 1,5 milhão de postos de trabalho no ano passado.

Os trabalhadores que concluíram apenas o ensino fundamental foram os primeiros a sentir o aperto. Ainda em 2013, foram eliminadas 12 mil vagas para esse grau de instrução. No ano seguinte, o saldo negativo chegou a 312 mil e, em 2015, passou de 1 milhão.

Para os profissionais com ensino médio completo, as demissões começaram a superar as contratações no início de 2015. Os trabalhadores com diploma universitário foram os últimos a sentir os efeitos da recessão. Para eles, o saldo mensal passou para o lado negativo a partir de meados do ano.

Escalada

“A regra é a seguinte: quem entrou por último, mais jovem, com menos experiência, é o primeiro a ser demitido. À medida que a produção vai caindo, as demissões vão chegando a níveis mais altos. Como a crise brasileira é muito grave, hoje ela atinge profissionais de todos os níveis de qualificação”, diz Naercio Menezes Filho, coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper.

Para a economista Katy Maia, professora da Universidade Estadual de Londrina (UEL), os cortes de funcionários mais qualificados têm a ver não só com a recessão, mas com a falta de perspectivas. “Se o empresário vislumbra uma reação da economia mais adiante, ele procura manter o empregado, porque a demissão e a eventual recontratação têm um custo elevado”, diz.

Setores

Dentre os cinco grandes setores da economia, apenas na agropecuária houve mais contratações que dispensas de profissionais mais graduados – o saldo ficou positivo em 155 vagas para os trabalhadores com curso superior e em 17 mil vagas para os de nível médio.

Nas áreas de serviços, comércio, construção civil e na indústria, predominaram as demissões. Os maiores cortes ocorreram no setor industrial, que eliminou 34 mil postos de nível superior e 268 mil de nível médio em todo o país.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.