A economia brasileira eliminou 461 mil postos de trabalho formal para profissionais de ensino médio e 76 mil vagas de nível superior em 2015. Foi a primeira vez em pelo menos 12 anos que o saldo do emprego com carteira assinada ficou negativo para essas duas faixas de escolaridade. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), cuja série histórica com detalhamento por grau de instrução começou em 2004.
INFOGRÁFICO: confira o saldo do emprego por idade e escolaridade nos últimos anos
O mercado de trabalho atingiu seu ápice em 2010, quando foram criados 2,6 milhões de empregos formais em todo o país. A geração de oportunidades começou a perder vigor no ano seguinte e veio desacelerando desde então, até culminar no fechamento de mais de 1,5 milhão de postos de trabalho no ano passado.
Os trabalhadores que concluíram apenas o ensino fundamental foram os primeiros a sentir o aperto. Ainda em 2013, foram eliminadas 12 mil vagas para esse grau de instrução. No ano seguinte, o saldo negativo chegou a 312 mil e, em 2015, passou de 1 milhão.
Para os profissionais com ensino médio completo, as demissões começaram a superar as contratações no início de 2015. Os trabalhadores com diploma universitário foram os últimos a sentir os efeitos da recessão. Para eles, o saldo mensal passou para o lado negativo a partir de meados do ano.
NO PARANÁ
Os empregos para profissionais com diploma universitário resistiram por mais tempo no Paraná. Mas também fecharam o ano no vermelho. No saldo entre contratações de demissões, foram fechados 1.685 postos de trabalho de nível superior. Para trabalhadores com ensino médio completo, a perda de empregos chegou a 14,3 mil.
Escalada
“A regra é a seguinte: quem entrou por último, mais jovem, com menos experiência, é o primeiro a ser demitido. À medida que a produção vai caindo, as demissões vão chegando a níveis mais altos. Como a crise brasileira é muito grave, hoje ela atinge profissionais de todos os níveis de qualificação”, diz Naercio Menezes Filho, coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper.
Para a economista Katy Maia, professora da Universidade Estadual de Londrina (UEL), os cortes de funcionários mais qualificados têm a ver não só com a recessão, mas com a falta de perspectivas. “Se o empresário vislumbra uma reação da economia mais adiante, ele procura manter o empregado, porque a demissão e a eventual recontratação têm um custo elevado”, diz.
Setores
Dentre os cinco grandes setores da economia, apenas na agropecuária houve mais contratações que dispensas de profissionais mais graduados – o saldo ficou positivo em 155 vagas para os trabalhadores com curso superior e em 17 mil vagas para os de nível médio.
Nas áreas de serviços, comércio, construção civil e na indústria, predominaram as demissões. Os maiores cortes ocorreram no setor industrial, que eliminou 34 mil postos de nível superior e 268 mil de nível médio em todo o país.
IDADE
Os trabalhadores mais velhos foram os principais prejudicados pela recessão. Se para os jovens com até 24 anos as contratações superaram as demissões em 397 mil vagas, no caso dos profissionais com 25 anos ou mais foram eliminados pouco mais de 1,9 milhão de postos de trabalho em todo o país. No Paraná, o saldo para os mais jovens ficou positivo em 29 mil vagas. Para os demais, houve 105 mil dispensas, já descontadas as admissões.
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