Num sintoma de que estão fazendo menos negócios este ano, as companhias brasileiras passaram a cortar viagens de avião para seus executivos. Resultado de um crescimento minguado do PIB, os clientes corporativos da TAM reduziram entre 10% e 15% as viagens em setembro, revelou a companhia. Esse segmento é o que gera receitas mais elevadas para as empresas aéreas e responde por cerca de 65% dos embarques no País.

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"Em setembro, o mercado corporativo doméstico caiu bastante. Tinha-se uma expectativa inicial de uma alta de mais de 5% no PIB. Conforme isso foi mudando, as empresas começaram a revisar seus orçamentos de viagem e no mês de setembro fizeram uma diminuição", explica o diretor de vendas da TAM, Klaus Kühnast. Ele diz que em outubro houve alguma recuperação, porém avalia que as companhias devem continuar segurando as viagens de avião até o fim do ano.

Depois de ignorar a desaceleração da economia no ano passado e ver a demanda crescer mais de 15% no mercado doméstico, as companhias aéreas sentem agora o impacto mais duro da redução do ritmo de crescimento do País.

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No ano passado, a demanda doméstica subiu mais de cinco vezes a alta do PIB, extrapolando a média de três vezes observada nos últimos anos. Para 2012, a expectativa é de que a economia tenha crescimento de apenas 1,54%, segundo o boletim Focus, do Banco Central. Já a elevação da demanda deve ficar entre 6% e 9%, estima o Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea).

Especialistas apontam que a demanda por viagens corporativas está fortemente ligada à atividade industrial no País. Com a produção industrial amargando uma retração de 3,4% no acumulado entre janeiro e agosto, as aéreas se depararam com executivos menos propensos a viajar de avião.

Esse movimento foi percebido por executivos de todas as empresas aéreas nacionais que estiveram na semana passada na feira da Associação Brasileira de Agências de Viagem (Abav), no Rio de Janeiro. Com cerca de 650 companhias em sua carteira de clientes corporativos, a Gol também registrou resultados negativos nesse segmento. A empresa não revela dados referentes aos últimos quatro meses, mas reconhece que houve redução do número de viajantes a negócio no primeiro semestre.

"O PIB é basicamente gerado por essas empresas que têm seus funcionários viajando. Quando não há crescimento da economia, a demanda cai. É uma ligação umbilical", avalia o diretor comercial da Gol, Eduardo Bernardes Neto.