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Avaliação de Lula

Economia e violência puxam desaprovação de Lula ao final da metade do terceiro mandato

Lula e Haddad
Lula com o ministro Fernando Haddad, da Fazenda. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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O andamento da economia brasileira e o aumento da violência têm sido dois dos principais motivos que fizeram a desaprovação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) crescer mais do que a aprovação, de acordo com a nova rodada da pesquisa Quaest divulgada na manhã desta quarta (11).

Estes dois temas respondem por 41% dos problemas apontados pelos entrevistados na pesquisa, com a percepção sobre a economia puxando as preocupações dos brasileiros que não sentem uma melhora significativa nas suas condições de vida:

A Quaest ouviu 8.598 pessoas entre os dias 4 e 9 de dezembro, com uma margem de erro de 1 ponto percentual para mais ou para menos e nível de confiança de 95%.

Percepção sobre a economia do país

Embora Lula e o governo comemorem alguns dos bons indicadores da economia, como o aumento do PIB (Produto Interno Bruto, a soma de todos os bens e serviços produzidos no país) e da massa salarial e a queda do desemprego, a percepção dos brasileiros é de que as finanças têm piorado nos últimos 12 meses.

Veja a evolução desta percepção desde o início do terceiro mandato de Lula:

Isso porque a inflação – que já passou do teto da meta e deve fechar o ano em 4,84% de acordo com o último Relatório Focus, do Banco Central – tem reduzido o poder de compra dos brasileiros na comparação com um ano atrás:

  • Menor poder de compra: de 47% para 68%;
  • Maior poder de compra: de 33% para 19%;
  • Poder de compra igual: de 17% para 12%.

“É o pior resultado da série”, pontuou o pesquisador Felipe Nunes, CEO da Quaest.

Para 78% dos entrevistados, o preço dos alimentos nos mercados aumentou no último mês, enquanto que apenas 8% dizem ter sentido uma redução, e 13% de que segue igual. A percepção é semelhante em relação às contas de água e luz, em que 65% dos entrevistados sentiram um aumento nas tarifas. Já 6% afirmam ter caído e 24% se mantido iguais.

E também no preço dos combustíveis, com um aumento sentido por 59% dos entrevistados. Para 20%, se manteve igual e apenas 7% acreditam que tenha reduzido.

Em um cenário geral, os entrevistados relataram à Quaest que têm sentido um patamar financeiro abaixo do esperado a essa altura do governo (61%) na comparação dos que viram uma melhora nas finanças pessoais (18%) e dos que dizem estar no nível que esperavam (17%).

Este patamar abaixo do esperado atinge mais da metade de todas as faixas etárias dos entrevistados – dos 16 a mais de 60 anos – e também dos ganhos salariais.

Por outro lado, os entrevistados veem uma possibilidade de melhora nas condições econômicas do país, principalmente na questão do desemprego. Para parte deles, ainda há dificuldade de se conseguir um emprego, mas com a sinalização de que pode melhorar.

Dados mais recentes do IBGE apontam que a taxa de desocupação no Brasil alcançou 6,4% no trimestre de julho a setembro:

É uma percepção semelhante à expectativa para a economia nos próximos 12 meses, que tem crescido na comparação com a pesquisa anterior:

  • Melhorar: de 45% em outubro para 51% agora;
  • Piorar: de 36% para 28%;
  • Ficar do mesmo jeito: de 18% para 17%.

Parte desse otimismo se dá pela possibilidade do governo conseguir aprovar o aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, uma das medidas do pacote de corte de gastos anunciado recentemente e que ainda precisa passar pelo Congresso.

  • Aprova: 75%;
  • Desaprova: 20%;
  • Não sabe/não respondeu: 5%.

Mais da metade dos entrevistados (61%) acredita que alguém da família será beneficiado pela medida, enquanto 34% são mais desconfiados e não acreditam.

Combate à violência não é unanimidade

Embora a Quaest não tenha detalhado a percepção sobre a violência no país, o avanço da criminalidade – principalmente do crime organizado – está no radar do governo desde o ano passado para passar um grande pacote de mudanças nas diretrizes da segurança pública que não é unanimidade entre os governadores.

Nesta terça (10), o ministro Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública) se reuniu com governadores e prometeu adotar medidas para melhorar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que pode aumentar o poder da União na segurança dos estados.

“O crime não é mais local, mas é nacional, é até internacional. É preciso outro enfoque, é preciso união e uma coordenação de esforços”, disse assegurando que vai inserir na PEC “todas as salvaguardas necessárias para garantir a autonomia” de estados e municípios”.

Lewandowski afirmou que faltam ajustes em detalhes, mas “do ponto de vista macro” a PEC já é uma realidade. "Nós vamos levar essas propostas. Vamos estudá-las. Verificar a pertinência e reformular nossa PEC, se for o caso”, disse.

Após a reunião, Caiado apontou que não tem o apoio dos demais governadores, mas destacou que deve articular a proposta com o Congresso para barrar o texto do governo.

O anteprojeto do governador mantém a criação da Polícia Ostensiva Federal prevista no texto do governo. A medida consiste na expansão da atuação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) com a fiscalização de hidrovias e ferrovias.

Porém, Caiado propôs que a União atue por meio da polícia ostensiva apenas quando os estados solicitarem. Além disso, defendeu o repasse de recursos para a construção e melhoria da infraestrutura de estabelecimentos prisionais e a prestação de serviços penais.

O anteprojeto determina ainda que os entes federados poderão “legislar sobre crimes contra a pessoa, contra o patrimônio, contra o meio ambiente e contra a dignidade sexual”. O chefe do Executivo goiano classificou a proposta da União como um “retrocesso ímpar” que tenta estabelecer uma “relação de subordinação dos estados e municípios” ao governo federal.

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