O pequeno poupador deve ter cautela diante do quadro de alta da inflação e deve evitar transferir suas economias para aplicações financeiras que desconhece. O conselho é do especialista em administração financeira, Érico Veras Marques, professor da Faculdade de Economia, Administração Atuária e Contabilidade, da Universidade Federal do Ceará (UFC).

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Para ele, o pequeno aplicador, além de ter cuidado com o dinheiro no banco, deve, diante da inflação em elevação, preocupar-se em fazer pesquisas de preço dos produtos e serviços em busca de ofertas melhores. Ele, porém, avalia que o momento, nem de longe, mesmo com inflação em alta, pode ser comparado com a situação existente antes do Plano Real, quando os índices alcançavam a casa dos dois dígitos.

"Não dá para comparar a inflação do momento com a mesma registrada antes do Plano Real, quando as coisas subiam absurdamente de uma hora para outra", disse. Por enquanto, acrescentou o professor, estamos discutindo sobre uma meta de inflação estabelecida pelo Banco Central (BC) que, comparada ao que era no passado, não é tão alta.

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Na semana passada, o BC indicou que a inflação corrente está em um momento de alta e deve passar dos 6,5% estipulados como teto da meta estabelecida pelo governo. Depois, ela deve retornar para índices mais baixos, fechando o ano em torno de 5,6%, pela projeção da autoridade monetária. O centro da meta é 4,5%, mas existe uma tolerância de 2 pontos percentuais para a meta de inflação, para mais ou para menos.

"A discussão é importante porque os brasileiros devem ficar atentos para não perder o controle disso. Já pelo lado dos investimentos, a situação requer mais cuidado para o pequeno investidor na hora de descobrir qual aplicação paga o melhor rendimento", afirmou.

Segundo ele, os pequenos investidores não têm muitas alternativas, a não ser a poupança e alguns fundos. Os fundos, porém, cobram taxas de administração para cuidar das aplicações e, dependendo do valor, não compensam porque, no final, o investidor vai receber menos do que deveria.

"Dependendo da taxa de administração de alguns fundos, é melhor deixar o dinheiro na poupança", afirmou. Segundo o professor da UFC, outra alternativa seria o Tesouro Direto, um tipo de aplicação que permite ao aplicador a compra de títulos do governo federal diretamente do Tesouro Nacional, inclusive pela internet. Dessa forma, ele foge das taxas de administração e paga apenas um pequena taxa de custódia à instituição financeira.

O problema, segundo Marques, é que esse tipo de aplicação requer um pouco mais de conhecimento do mercado financeiro. "O cidadão tem que se cadastrar em um banco, tem que ficar atento ao dia em que tem que vender os títulos e conhecer a diferença entre os títulos. Não é tão comum como operar com a caderneta de poupança", ressalta.

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Caso o poupador tenha como identificar quais são os títulos corrigidos pela inflação vendidos pelo Tesouro Direto, o professor avalia que esses papéis são bons porque acompanham a inflação, mas "sem ganhar nada a mais por isso".

Quem estiver disposto a correr um pouco mais de risco, a recomendação do professor são os fundos multimercados, que diversificam a aplicação, ou os fundos de ações. Neste último caso, lembra, é para quem tem conhecimento do mercado financeiro e mais especificamente das empresas que estão vendendo as ações. Marques adverte para que o investidor estejam sempre atento à taxa de administração cobrada pelos bancos.

Se a pessoa tem um pouco mais de recursos, a saída, segundo ele, é aplicar em certificados de depósitos bancários (CDBs), títulos vendidos pelos bancos ao público como forma de captar recursos . Para ele, em instituições de médio porte, o retorno da lucratividade desses papéis é muito bom e pode compensar, mas, normalmente, o dinheiro tem que ficar aplicado por um tempo determinado, o que é desvantajoso para quem necessita dos recursos no curto prazo.

Marques pretende, até o final de agosto, ensinar aos servidores da Universidade Federal do Ceará, como administrar bem seu orçamento pessoal por meio do curso de planejamento em educação financeira.

O objetivo é fazer com que as pessoas tenham um padrão de vida adequado à renda. "Não adianta uma pessoa ganhar R$ 10 mil, mas gastar R$ 11 mil, pois passa a ficar endividado". "Na verdade, informou, queremos discutir o padrão [de vida] presente com a expectativa de vida do futuro. Até porque, se pegarmos os últimos dados do IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística], nós estamos falando em uma expectativa de vida de 73 anos de idade. Então, gaste menos do que você ganha. Nunca gaste mais do que você ganha".

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