Ainda é cedo para afirmar que o Brasil superou a crise quando se analisa a situação da economia do país em 2009. A afirmação é do economista Marcelo de Avila. Ele que também faz análise da atividade econômica na Confederação Nacional da Indústria (CNI) entende que existe uma diferença muito grande entre recuperação e superação. "Recuperação da crise, está ocorrendo sem dúvida nenhuma. Agora, superação, não".

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De fato, se forem observados indicadores, incluindo os dessazonalizados (que não consideram períodos específicos do ano como datas festivas) da CNI, o percentual médio da capacidade instalada da indústria era de 83% em setembro de 2008, mês que antecedeu a crise no Brasil e período no qual os impactos ainda não estavam materializados. Em outubro de 2009, mês da última apuração para esse indicador, a capacidade instalada ainda estava no patamar de 80,5%, depois de ter iniciado o ano 78,1% e ficar abaixo de 80% até julho.

Marcelo de Avila lembra que 2009 pode ser visto sob duas óticas diferentes ou dinâmicas de crescimento. Uma mostra que o ano começou em recessão, porque o primeiro trimestre registrou o segundo PIB negativo (-3,6 e -0,8 respectivamente) frente ao trimestre anterior.

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Por outro lado, ao serem analisados os dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) e de produção industrial, além de outros indicadores, dá para observar uma certa recuperação do crescimento.

Ele lembra que de fato vem ocorrendo uma recuperação da indústria e na capacidade instalada , sendo que isso aconteceu em sete dos dez meses do ano. Existem meses que há uma acomodação, mas é claro há o crescimento desse indicador e de forma gradual.

"Um exemplo é que a PIM cresceu em todos os dez primeiros meses do ano em 2009. Lógico que houve uma abrupta queda de aproximadamente 20% nos últimos três meses de 2008, mas a recuperação é consistente", disse lembrando que esta não ocorre na velocidade pretendida, mas muita acima do que a maioria dos países.

Uma característica importante da economia brasileira, segundo o economista, que pode ser percebida, é o vigor dessa recuperação. Para ilustrar o sobe e desce no gráfico, ele diz que muita gente pode imaginar uma recuperação em W ou WWW. Marcelo de Avila, no entanto entende que o gráfico pode ser visto mais como V, com queda constante e elevação também constante.

"Talvez um V com um pouco de U em baixo, mas a realmente quando você olha produção industrial, que foi o setor mais impactado pela crise, ele está mostrando aí um crescimento mais consistente , não muito forte mais consistente", disse. "Nesse dez primeiros meses se você observar, dados acumulados até outubro, e comparar com dados de dezembro. Ou seja, pegando toda a variação acumulado no ano já foram 15% de crescimento na PIB".

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