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Economistas ainda veem gastos públicos como limitador do PIB

Apesar do corte de 10 bilhões de reais do Orçamento, anunciado na semana passada para esfriar a demanda interna, os gastos do governo são um importante limitador para uma expansão mais forte da economia brasileira, afirmaram os economistas Afonso Celso Pastore e Raul Velloso nesta terça-feira.

Segundo Pastore, da consultoria A.C.Pastore, com o atual nível de despesa do governo, o investimento público se torna limitado e restritivo. Para ele, o PIB potencial do Brasil é de 4,5 por cento, embora em 2010, devido à base deprimida de comparação pela crise global, a perspectiva é de que o país cresça acima de 7 por cento.

"Nosso crescimento pode ser de 7 por cento ou mais. Esse crescimento tem um comportamento cíclico muito forte, Minha pergunta é quanto que o Brasil pode crescer em outros momentos", disse Pastore durante evento no Rio de Janeiro.

O economista afirmou que um crescimento sustentável acima de 4,5 por cento depende da elevação da taxa de investimentos, que deve encerrar o ano em 19 por cento do PIB.

Caso o Brasil consiga elevar esse nível de investimento para 25 por cento, o PIB potencial subiria para até 5,5 por cento.

"A variável relevante para acelerar o crescimento se chama investimento... infelizmente, as poupanças totais domésticas são baixas", declarou Pastore. "Os estímulos que ampliam o consumo são de natureza fiscal, reduzindo a poupança do setor público."

Sem poupança doméstica para aumentar os investimentos, o Brasil depende, segundo Pastore, de poupança externa, o que coloca em risco as contas externas do país.

Pelos cálculos do economista, para financiar o aumento dosinvestimentos para 25 por cento do PIB via poupança externa, o déficit em conta corrente teria que subir para 7 a 9 por cento do PIB.

O especialista em contas públicas Raul Velloso lançou um alerta sobre as contas públicas brasileiras.

Segundo ele, o gasto público com contratações, reajuste do funcionalismo público acima da média de mercado e outros terão impacto no superávit primário.

"Há um risco de insolvência. O risco é o superávit diminuir mais ainda. Ao contrário do governo, que diz que vai fazer 3,3 por cento do PIB (de superávit primário), acho que só dá para fazer se esconder gasto", disse Velloso, ao criticar o passivo da Previdência Social e a elevada concessão de benefícios sem a necessidade de contribuição pregressa dos beneficiados.

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