O pessimismo dos economistas com a trajetória da inflação no ano que vem permanece elevado por culpa da deterioração da política fiscal, segundo avaliação repassada por economistas de instituições financeiras em reuniões nesta terça-feira (19) com o diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo. Segundo três economistas ouvidos e que participaram dos encontros, o diretor continuou sem fazer comentários sobre a situação econômica, como faz nessas ocasiões. Mas ouviu dos presentes avaliações mais pessimistas sobre a economia brasileira, inclusive sobre a trajetória dos preços, contrastando com os esforços do BC em tentar reverter a expectativa com o controle da inflação.
Isso porque, segundo as fontes, o cenário fiscal mostrando-se mais deteriorado não ajuda nas expectativas de inflação até o próximo ano. "O pessoal não demonstrou mau humor com o BC, mas com a deterioração da política fiscal. É ela quem está inibindo a queda nas projeções de inflação e deixando a percepção de que o câmbio continuará pressionado no ano que vem", disse o economista.
Apesar do ônus ter caído sobre a política fiscal, alguns participantes dos encontros ponderaram que a atual condução do aperto monetário não levará a inflação a convergir para o centro da meta "no horizonte relevante". "Nas simulações apresentadas, a inflação não convergiria para o centro da meta nem com a Selic a 10,75 por cento. Haveria alguma convergência com os juros em 11,75 por cento e isso apenas em 2015", afirmou outro economista.
Hoje, a Selic está em 9,5% ao ano e, segundo pesquisa Focus do BC, os especialistas indicam que ela deve ir a 10% na próxima semana, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC se reúne novamente. E, em 2014, a taxa básica de juros iria a 10,25%.
As preocupações com a inflação ocorrem mesmo com a expectativa de a atividade econômica ser menor do que a esperado para este ano, alerta também dado ao diretor.
Câmbio
Os economistas também mostraram preocupação com as possíveis turbulências em 2014 com as eleição presidencial no Brasil e o início da redução do programa de estímulo do Federal Reserve, banco central norte-americano.
Neste momento, segundo dois economistas ouvidos pela Reuters, Carlos Hamilton teria ouvido de um participante a crítica de que o BC não deveria fazer intervenções no mercado de câmbio em 2014, como ocorre neste ano, deixando o mercado absorver os impactos.
Segundo as fontes, o diretor teria dito que não havia decisão sobre continuar com o programa de intervenção diária no câmbio em 2014. No início deste mês, o diretor de Política Monetária do BC, Aldo Mendes, já havia dito que o programa de intervenções diárias no mercado de câmbio, que teve início em agosto, não tem data para acabar.
Governistas querem agora regular as bets após ignorar riscos na ânsia de arrecadar
Como surgiram as “novas” preocupações com as bets no Brasil; ouça o podcast
X bloqueado deixa cristãos sem alternativa contra viés woke nas redes
Cobrança de multa por uso do X pode incluir bloqueio de conta bancária e penhora de bens
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast