Dois economistas que atuam nos Estados Unidos engrossaram o coro das críticas de Fidel Castro à nova "diplomacia do álcool", que Brasil e Estados Unidos buscam levar para outras partes do mundo.
A iniciativa, anunciada este mês pelos dois países, que juntos produzem 70 por cento de todo o etanol do mundo, prevê a ampliação do uso de biocombustíveis para reduzir a dependência em relação ao petróleo.
Ford Runge e Benjamin Senauer, economistas da Universidade de Minnesota, concluíram que o incentivo ao uso dos biocombustíveis deve ampliar a fome mundial, segundo um artigo que será publicado da edição de maio/julho da revista Foreign Affairs.
Fidel Castro, que em julho do ano passado transmitiu o poder ao irmão, devido a problemas de saúde, escreveu um editorial publicado na quarta-feira no jornal cubano Granma criticando a "internacionalização do genocídio".
Fidel afirmou que produzir combustíveis a partir de grãos como milho e trigo é uma atitude "genocida" que provocará fome entre os mais pobres do mundo.
Os EUA produzem o etanol a partir do milho, e o Brasil usa a cana-de-açúcar como matéria-prima para o álcool.
Os economistas de Minnesota apontaram que a iniciativa pode elevar os preços do milho e de outros alimentos, como a soja, a partir dos quais é possível produzir biocombustíveis.
"Se os preços dos alimentos básicos subirem devido à demanda por biocombustíveis... o número de pessoas em situação de insegurança alimentar no mundo subiria em mais de 16 milhões por cada ponto percentual de aumento real nos preços dos alimentos", argumentaram eles.
"Isso significa que 1,2 bilhão de pessoas podem estar sofrendo de fome crônica em 2015, 600 milhões a mais que o previsto anteriormente", acrescentaram eles, num comunicado à imprensa sobre o artigo.
Os economistas afirmaram ter baseado suas conclusões em vários estudos do Banco Mundial e de outros órgãos, que sugerem que o consumo calórico entre os pobres do mundo cai cerca de meio por cento quando o preço dos alimentos básicos sobe um por cento.
Os EUA acham que os biocombustíveis podem ajudar o país a reduzir sua dependência do petróleo em até 20 por cento nos próximos dez anos.
Com isso, o país minimizará também sua dependência em relação a países considerados "inimigos" como Irã e Venezuela, segundo fontes norte-americanas.
Nos Estados Unidos, a indústria dos biocombustíveis causou aumentos não só no preço do milho e de outros grãos, mas também em produtos sem relação com eles, já que o espaço dedicado a outras plantações fica reduzido, argumentam os economistas.
Eles sugeriram que os EUA tentam melhorar sua eficiência na área de energia e desenvolver outras formas de energia renovável.
Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva respondeu às críticas de Fidel Castro em um artigo publicado no jornal The Washington Post, publicado antes de sua visita ao presidente George W. Bush, no sábado.
Lula defende o biocombustível como uma forma de criar empregos, o que teria como consequência a redução da pobreza e da fome.
Impasse sobre apoio a Lula provoca racha na bancada evangélica
Símbolo da autonomia do BC, Campos Neto se despede com expectativa de aceleração nos juros
Copom aumenta taxa de juros para 12,25% ao ano e prevê mais duas altas no próximo ano
Eleição de novo líder divide a bancada evangélica; ouça o podcast
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast