Economistas heterodoxos, cujas ideias têm grande repercussão junto ao Ministério da Fazenda, defenderam nesta terça-feira, em seminário na Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), em São Paulo, que o governo faça um ajuste fiscal para compensar um movimento de depreciação do câmbio e, assim, elevar a competitividade da indústria no Brasil. Os especialistas têm uma avaliação comum de que enfraquecer a cotação do real ante o dólar neste momento não é viável por causa de alguns fatores, sobretudo impactos imediatos na inflação.
O mais eloquente dos especialistas foi o ex-ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser-Pereira. De acordo com Bresser-Pereira, como o governo tem uma margem de despesas acima das receitas, relacionadas ao déficit nominal aproximado de 2% do Produto Interno Bruto (PIB), há espaço para reduzir gastos e tornar a economia mais eficiente. "Com a economia de recursos públicos, é possível aumentar a oferta, especialmente com a ampliação dos investimentos federais, que, por sua vez, vão chamar o setor privado para fazer investimentos inclusive na área de infraestrutura", afirmou.
Segundo o ex-secretário da Fazenda de São Paulo Yoshiaki Nakano, a redução dos gastos correntes do governo é "um imperativo" para que a poupança doméstica avance de forma expressiva e possa fazer com que os investimentos subam em alguns anos do atual patamar de 18% do PIB para 25% do PIB. "As menores despesas do Poder Executivo são importantes para aumentar a participação das empresas privadas na geração de riquezas e produção de mercadorias na economia", disse. Por outro lado, Nakano afirmou que tal postura mais eficiente do governo na gestão das receitas dará mais segurança para o setor privado de que os impostos não subirão e poderão até baixar no médio prazo.
"O importante é dar segurança para as empresas que a economia vai ter investimentos, as pessoas vão ganhar mais e a lucratividade das companhias tende a avançar", afirmou Bresser-Pereira. Conforme o ex-ministro da Fazenda Delfim Netto, a carga tributária no Brasil é tão elevada que é possível o governo continuar com a política de desoneração de impostos ao mesmo tempo em que reduz as despesas correntes. "A questão fiscal é fundamental para que se controle a demanda agregada de forma mais eficaz no curto e médio prazos", destacou.
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