Mesmo com a divulgação nesta quinta-feira, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de um aumento da taxa de desemprego de fevereiro, especialistas afirmam que o mercado de trabalho está melhorando e deve apresentar bons resultados neste ano.
O economista Marcelo de Ávila, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), destaca as perspectivas para os empregos formais, que devem ter participação recorde no total de postos de trabalhos do país.
- Pela primeira vez desde março de 2002, quando teve início a nova metodologia da pesquisa mensal de emprego do IBGE, os empregados com carteira assinada representarão 54% dos trabalhadores das seis maiores regiões metropolitanas do país - destacou Ávila. Em janeiro, esse percentual foi de 53,13%.
Ávila credita esse crescimento a três fatores: a pujança das empresas exportadoras, que geralmente priorizam o trabalho com carteira assinada; a fiscalização mais intensa do governo e a estabilização da economia, que permite aos empresários um horizonte de mais visibilidade e os estimula a estabelecer vínculos empregatícios.
- No ano passado, o número de empregos formais cresceu 6,5% e foi responsável por quase 100% do acréscimo nos postos de trabalho do país - disse Ávila.
O economista estaimava que o desemprego de fevereiro seria maior que o de janeiro, quando a taxa ficou em 9,2%, após cair para 8,3% em dezembro. Segundo ele, a alta de um mês para o outro foi motivada puramente pela tendência sazonal. Segundo Ávila, o desemprego já deve começar a recuar em abril.
- Os números desse ano devem ser melhores do que os do ano passado - afirmou.
O economista prevê a continuidade da recuperação do rendimento dos trabalhadores, ainda que essa trajetória esteja sendo marcada por sucessivas interrupções. Neste ano, segundo Ávila, o que se espera é uma quantidade menor de quedas mensais - ou quedas menos intensas - e a perspectiva de que a renda retorne aos R$ 1000 dos quais se afastou em fevereiro de 2003. Naquele ano, o valor médio dos salários caiu 12,5%, e os crescimentos ocorridos em 2004 e 2005 - de, respectivamente, 1,9% e 5,8% - ainda não foram suficientes para compensar as perdas.
Para a economista-chefe do BES, Sandra Utsumi, o rendimento deve crescer entre 5% e 6% neste ano, beneficiado pela queda da inflação. Fábio Romão, da LCA Consultores, também aposta no aumento do valor médio dos salários, e diz que um dos fatores que contribuirão para isso será a retomada do emprego industrial.
- Acreditamos que a indústria antecipou de março para fevereiro as suas contratações, uma vez que a demanda interna está mais aquecida e o movimento de queima de estoques já foi realizado - comentou Romão, lembrando que o setor geralmente paga salários mais altos do que o de serviços, assim como prioriza o emprego formal.